Aras diz ser alvo de 'sabotagem' no MPF e que querem 'apagar' seu trabalho
Colaboração para o UOL, em São Paulo
21/07/2023 17h12
O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou que tem sido alvo de "sabotagens" internas no MPF (Ministério Público Federal) por parte de pessoas interessadas em "apagar os registros" de seu comando no órgão nos últimos quatro anos.
O que aconteceu:
Augusto Aras disse que críticas em período de troca no comando do MPF "são comuns", mas que as "sabotagens" ao seu mandato tem extrapolado esse limite, com problemas que "ninguém sabe quem criou". As declarações foram dadas em entrevista ao site Conjur.
"Há uma evidente sabotagem. Tentam apagar todos os registros da nossa administração. As críticas em tempo de sucessão na PGR são comuns, mas estou sendo sabotado há cerca de 60 dias. Todo dia há problemas novos que ninguém sabe quem criou", relatou Aras.
Investigação. Aras determinou uma apuração interna para averiguar suas suspeitas, e citou como exemplos de "sabotagens" os apagões em repartições do MPF em reuniões, a instabilidade em serviços informatizados e notas publicadas no site da instituição.
Aras também negou crise no MPF porque 16 procuradores da República foram exonerados do cargo, e citou como avanços na sua administração o pagamento de passivos "acumulados há 20 anos", ressaltou que pagou "frotas de helicópteros e lanchas facilitar a locomoção [dos servidores] em locais afastados", além de aumentar "a presença" do órgão na Amazônia "para combater crimes ambientais".
Lula não descarta recondução de Aras
O mandato de Augusto Aras termina em setembro, e caberá ao presidente Lula (PT) indicar seu sucessor. Entretanto, o petista não descarta a possibilidade de manter o atual PGR no posto para um terceiro mandato.
Lula disse querer conversar com o PGR. "Possivelmente eu vou conversar com o Aras, como eu vou conversar com outras pessoas, e eu vou sentir o que é que as pessoas pensam, e no momento certo eu indicarei", declarou em entrevista à Record.
Apoio. Procuradores-gerais do Ministério Público Militar, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios e do Ministério Público do Trabalho defenderam a atuação de Aras à frente do MPF.
Aras foi indicado à PGR por Jair Bolsonaro (PL) em setembro de 2019, e reconduzido ao cargo em 2021. Ele foi bastante criticado por supostamente blindar o ex-presidente, sobretudo nos crimes apontados pela CPI da Covid, que teriam sido cometidos por Bolsonaro durante a pandemia.