Assessores de Bolsonaro deixaram 17 mil e-mails na lixeira; CPI os resgatou
Ex-funcionários da Ajudância de Ordens da Presidência da República durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL) apagaram ao menos 17 mil e-mails funcionais da caixa de entrada. O material, contudo, não foi completamente apagado, porque parte dos e-mails ainda estava na pasta da lixeira das respectivas contas.
O que aconteceu
A CPMI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro teve acesso ao conteúdo dos e-mails. A informação foi noticiada pelo portal G1 e confirmada pela reportagem do UOL.
Os e-mails chegaram a ser apagados da caixa de entrada, segundo integrantes da comissão. Mas, para serem completamente excluídos, teriam que ser deletados também da pasta Lixeira. Como não foram, o colegiado teve acesso ao material.
E-mail de Mauro Cid sobre tentativa de vender Rolex por US$ 60 mil estava na Lixeira. Foi nessa série de mensagens não apagadas que a CPMI do 8/1 teve acesso à tentativa do tenente-coronel Mauro Cid de vender um relógio Rolex que ele teria ganhado durante uma viagem oficial.
O UOL procurou a assessoria de Bolsonaro para comentar o caso e aguarda um retorno.
Mauro Cid e o Rolex
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro trocou mensagens em inglês sobre a pesquisa de preço do objeto com Maria Farani, que assessorou o Gabinete Adjunto de Informações do gabinete pessoal de Bolsonaro até janeiro de 2023. As informações são de membros da CPI.
Na ocasião, o militar admitiu que o relógio não tinha certificado, apenas um selo verde. Ele sugeriu o valor de US$ 60 mil (R$ 294 mil, na cotação de hoje) pela peça. Não havia contexto das mensagens.
O relógio foi dado a Bolsonaro em 30 de outubro de 2019 durante almoço oferecido pelo rei da Arábia Saudita à comitiva brasileira. Um registro do Rolex como "acervo privado" no Gabinete Adjunto de Documentação Histórica do gabinete da Presidência da República foi feito em 11 de novembro. Também consta uma liberação do relógio no dia 6 de junho de 2022.
O que disse Bolsonaro sobre o Rolex
O ex-presidente disse hoje que não enxerga "nenhuma maldade" no fato de Mauro Cid ter cotado o preço de um relógio Rolex. A declaração foi dada à imprensa após Bolsonaro almoçar com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), na sede da prefeitura.
Bolsonaro disse que entregou tudo que o TCU (Tribunal de Contas da União) pediu a ele, incluindo um relógio "parecido" com o cotado por Cid. O ex-presidente afirmou que questionamentos sobre o caso de Cid devem ser feitos a ele e a seu advogado.
Não vejo nenhuma maldade em você cotar o preço de alguma coisa. É natural. 'Quanto é que vale isso aí?' É natural.
Jair Bolsonaro, ex-presidente