Não vejo maldade em cotar, diz Bolsonaro sobre Cid negociar Rolex recebido
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse hoje que não enxerga "nenhuma maldade" do seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, em negociar a venda de um relógio da marca Rolex.
O que aconteceu:
Bolsonaro disse que entregou tudo que o TCU (Tribunal de Contas da União) pediu a ele, incluindo um relógio "parecido" com o cotado por Cid. O item negociado em US$ 60 mil (cerca de R$ 292 mil, na cotação de hoje) pelo tenente-coronel foi recebido pelo então presidente em viagem oficial à Arábia Saudita.
O ex-presidente ainda declarou que questionamentos sobre a cotação realizada pelo seu ex-ajudante de ordens devem ser feitos a ele e a seu advogado. A declaração foi dada à imprensa após Bolsonaro almoçar com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), na sede da prefeitura.
Não vejo nenhuma maldade em você cotar o preço de alguma coisa. É natural. 'Quanto é que vale isso aí?' É natural.
Jair Bolsonaro, ex-presidente
CPI obteve troca de e-mails de Cid
Documentos enviados à CPI do 8 de Janeiro mostram a troca de e-mails de Mauro Cid para vender o relógio. Os documentos foram revelados pelo jornal O Globo e confirmados pelo UOL.
O relógio foi dado a Bolsonaro em 30 de outubro de 2019 durante almoço oferecido pelo rei da Arábia Saudita à comitiva brasileira.
Um registro do Rolex como "acervo privado" no Gabinete Adjunto de Documentação Histórica do gabinete da Presidência da República foi feito em 11 de novembro. Também consta uma liberação do relógio no dia 6 de junho de 2022.
No mesmo dia, Mauro Cid trocou e-mails para tentar vender o relógio por US$ 60 mil. As informações são de membros da CPI.
Segundo o relatório da CPI, Mauro Cid trocou mensagens em inglês com Maria Farani, que assessorou o Gabinete Adjunto de Informações do gabinete pessoal de Bolsonaro até janeiro de 2023.
O que dizem a defesa de Cid e Farani?
A defesa de Mauro Cid diz que não teve acesso ao material que está sendo apurado pela CPI do 8 de Janeiro e, portanto, não vai se manifestar.
Já Maria Farani informou que exercia a função de secretariado executivo no Gabinete Pessoal da Presidência da República. "A pedido de Mauro Cid, por falar inglês, realizei uma pesquisa na internet para identificar possíveis compradores de relógio. Apenas enviei os e-mails e, ao receber respostas, retransmiti ao endereço eletrônico de Mauro Cid. Não tive conhecimento do desfecho de uma eventual negociação."
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