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STM aceita denúncia contra ex-sargento da FAB por lavagem de dinheiro

O segundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues, preso em Sevilla, na Espanha, por transportar cocaína Imagem: Reprodução Rede Social

Colaboração para o UOL, em São Paulo

07/08/2023 16h30

O STM (Superior Tribunal Militar) aceitou a denúncia contra o ex-sargento da FAB (Força Aérea Brasileira) Manoel Silva Rodrigues por lavagem de dinheiro. Rodrigues foi preso há quase quatro anos após tentar entrar na Espanha com 37 quilos de cocaína.

O que aconteceu

A Corte aceitou a denúncia não só contra o ex-sargento, mas também contra a esposa dele, Wilkelane Nonato Rodrigues. A ação havia sido oferecida pelo Ministério Público Militar em 26 de setembro de 2022.

Na denúncia, é dito que as conversas de Manoel e Wilkelane mostram que eles passavam por "grandes dificuldades financeiras", não tendo dinheiro para pagar as contas mensais em algumas ocasiões. Mas tudo mudou em maio de 2019, quando "subitamente" o casal começa a gastar mais do que ganha.

Na volta de uma viagem a Madrid, a esposa chega a enviar foto de uma calculadora com um "controle" de gastos para Manoel, e ele diz para não falarem disso pelo celular.

Para o Ministério Público Militar, esse crime se relaciona com o tráfico de cocaína por parte de Manoel, no qual ele responde desde 2019 e que também faz parte do relatório.

Esses gastos evidenciam a prática de um novo crime, no caso, a lavagem de dinheiro, que, no entender deste órgão ministerial, está relacionado com o crime antecedente (tráfico e associação para o tráfico internacional de drogas).
Ministério Público Militar

O UOL tenta contato com a defesa de Manoel Sillva Rodrigues e Wilkelane Nonato Rodrigues. O espaço segue aberto para manifestação.

Compra em dinheiro vivo

Após a volta da viagem, Manoel compra uma moto de quase R$ 33 mil. Segundo o antigo dono da moto, que vendeu o veículo pelo uma plataforma online, o ex-sargento fez a compra usando dinheiro vivo, sob a alegação de que "se tratava de dinheiro recebido pela venda de uma chácara".

Em justificativa a pessoas próximas, Manoel disse que havia adquirido a moto por meio de um consórcio, enquanto Wilkelane afirmava que eles tinham ganhado um sorteio da Mega-Sena, o que daria para comprar o veículo.

Nos dias posteriores, o casal zerou as dívidas em dois bancos e realizaram alguns depósitos: foram R$ 2 mil para a conta do próprio Manoel e outros R$ 2 mil para a conta de André Luiz Sampaio de Sá, já que o casal tinha uma dívida com ele, segundo o relatório.

Em um dos diálogos, Wilkelane manda um print da tela da calculadora do telefone que indica o valor de R$ 76.520,92, dizendo que "no meu controle, já saiu isso", sendo repreendida por Manoel momentos depois, que disse para não tratar desses assuntos pelo telefone.

O relatório também detalha as compras do casal entre os dias 9 e 24 de maio de 2019:

  • Em 09/05/2019, Wilkelane informa que adquiriu um sofá
  • Em 10/05/2019, Wilkelane informa que vai comprar uma cama. Depois fala que "as varandas" do quarto e da sala vão custar, respectivamente, R$ 1.900,00 e R$ 1.500,00. Ela também informa a Manoel que pagou R$ 3.700,00 nos vidros e fala ainda da necessidade de pintar o imóvel
  • No dia 14/05/2019, o casal ainda combinou uma viagem para a cidade de Caldas Novas/GO para passear em um dos hotéis da cidade, custando R$ 900,00.
  • Em 22/05/2019, Wilkelane e Manoel conversam sobre compra de móveis para o apartamento (guarda-roupa, armário do banheiro, armário da cozinha, painel da televisão) e falam que vão gastar entre R$ 18.0000 e R$ 20.000,00
  • Em 24/05/2019, Wilkelane confirma que fechou a compra de todos os móveis e que o valor ficou em R$ 26.000,00
  • Em 27/05/2019, Manoel informa à esposa que deu um lance de R$20.000,00 em um veículo que estava em leilão
  • Por fim, Manoel manda mensagem para Wilkelane confirmando viagem para os Estados Unidos para o mês de novembro de 2019

Os denunciados Manoel Sillva Rodrigues e Wilkelane Nonato Rodrigues converteram em ativos lícitos, valores provenientes do crime de tráfico ilícitos de entorpecentes com objetivo de dissimular a sua utilização.
Ministério Público Militar

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