Trabalhar com União é 'fundamental', diz Tarcísio no Consórcio Sul-Sudeste

Eleito com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que o objetivo do Cosud (Consórcio de Integração dos Estados do Sul e Sudeste do Brasil) não é fazer contraponto ao governo federal.

O que aconteceu

Governadores dos estados do Sul e Sudeste se reuniram para uma reunião do consórcio nesta quinta-feira (19). Além de Tarcísio, os governadores dos estados do Paraná, Ratinho Junior (PSD); do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); e a vice-governadora de Santa Catarina, Marilisa Boehm (PL), estavam no evento. Todos fazem oposição ao governo Lula (PT).

Questionado se o consórcio fará contraponto ao governo federal, Tarcísio negou e disse que o objetivo do grupo é construir políticas públicas. "Vamos trocar experiências", afirmou.

O resultado será melhor se a gente conseguir a cooperação do governo federal. Trabalhar com o governo federal é fundamental. Então de forma nenhuma isso [Cosud] representa um distanciamento do governo federal, porque o governo federal vai ser importante no agronegócio, na infraestrutura.
Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo

O presidente do grupo e governador do Paraná, Ratinho Júnior, disse que a ideia é que o consórcio ajude os estados a também economizarem. "A partir do momento em que o Cosud esteja inteiramente formalizado, vamos discutir política pública para compra de medicamentos em conjunto, compras de viatura, são soluções administrativas que ajudam a trazer economia para os estados", afirmou.

Depois da abertura do evento, as secretarias de cada estado se reuniram para tratar de assuntos específicos de cada pasta. Renato Feder, secretário da Educação de São Paulo, vai falar sobre a expansão do ensino médico técnico para o próximo ano.

O prefeito da capital paulista Ricardo Nunes (MDB) também estava presente e recebeu elogios do governador de São Paulo.

Fala de Zema foi mal-interpretada, diz presidente da Alesp

O presidente da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), deputado André do Prado (PL), disse que a aprovação do Cosud na Casa foi difícil devido às falas do governador de Minas Gerais. Em agosto, Zema defendeu a atuação em conjunto das regiões Sul e Sudeste para frear possíveis prejuízos aos Estados no Congresso.

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"Achei que seria um votação tranquila diante da importância desse instrumento jurídico para alinhar os estados, infelizmente isso não aconteceu. Foi um debate intenso diante de uma pronúncia do nosso governador Zema, de Minas Gerais, que foi mal-interpretada", disse o presidente da Alesp na abertura do evento.

O projeto chegou à Alesp em junho deste ano, dois meses antes da fala de Zema, mas foi aprovado só no fim de setembro. O governador de Minas não citou o caso diretamente, mas afirmou que o consórcio "está aqui para unir, nunca para dividir".

Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em termos de economia e população, se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos. Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso.
Romeu Zema, governador de Minas Gerais, em agosto deste ano

A entrevista de agosto provocou repercussão negativa no meio político. Governadores do Nordeste publicaram uma carta criticando a entrevista de Zema.

"Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual", dizia trecho da nota assinada pelo governador da Paraíba, João Azevedo (PSB).

Depois da repercussão, Zema disse que a união dos estados "jamais será para diminuir outras regiões".

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