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Alvo de delação de Cid, Michelle Bolsonaro ataca Janja em evento do PL

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) atacou a atual primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, ao discursar hoje em um evento do PL Mulher no Espírito Santo.

As declarações acontecem após o colunista do UOL Aguirre Talento mostrar que o tenente-coronel Mauro Cid narrou em sua delação premiada que Michelle e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) faziam parte de um grupo de conselheiros radicais que incitava o então presidente da República, Jair Bolsonaro, a dar um golpe de Estado e não aceitar a derrota nas eleições do ano passado.

O que aconteceu

Sem citar Janja nominalmente, Michelle disse que tem "vocação para o trabalho", enquanto outras pessoas teriam apenas para "viajar" em referência à agenda internacional intensa cumprida por Lula (PT) e a esposa.

Sem apresentar provas, a presidente do PL Mulher acusou o governo Lula de "dar um golpe " no Brasil "mandando o nosso dinheiro para fora, dando golpes nas mulheres, retirando elas do cadastro do Bolsa Família, tirando o gás".

Eles continuam dando golpe, gastando o seu dinheiro para esnobar em viagens porque não tem necessidade desse tanto de viagens. As embaixadas são maravilhosas e as poucas vezes que eu viajei, sete ou oito vezes, porque a gente não precisa estar junto. Tem viagem em que a mulher não precisa estar junto. A não ser que você tenha que fazer uma agenda conjunta.

Eu era da Alma (Aliança de Cônjuges de Chefes de Estado e Representantes da América Latina e Caribe). Muitas vezes participei por videoconferência. A gente sabe o gasto que é levar uma mulher. A gente sabe que a logística é totalmente diferente. Vamos ficar um pouquinho mais no Brasil e trabalhar pelos brasileiros. Por quem precisa?
Michelle Bolsonaro, em tom de deboche

Na sequência, sem citar nomes, Michelle rebateu declaração de Janja à revista ELA, na última semana. A esposa de Lula disse na ocasião: "Não é porque eu sou mulher do presidente que eu vou falar só de marca de batom". A presidente do PL rebateu o que entendeu ser uma indireta para ela, que atualmente tem uma linha de maquiagem e produtos de beleza.

Como primeira-dama não vendia batom não, estou vendendo agora que sou empreendedora. Tô sentindo um toque de inveja, mas amém. [...] Tudo aquilo que ela criticava tá [sic] fazendo hoje. Lencinho secando o suor. Indo comprar uma gravatinha, só que cara, passando a folhinha e ajudando o marido na hora do discurso. Uma salinha ali do lado para poder 'ajudar'. Tomara que esse gabinete dela ajude o marido a não demitir mais mulheres, porque era o meu marido que era acusado de misoginia.
Michelle Bolsonaro

A fala de Michelle fez referência a duas ministras do governo Lula que foram demitidas, Ana Moser (Esportes) e Daniela Carneiro (Turismo), para dar lugar a aliados do centrão. Outra exoneração que provocou polêmicas recentemente foi da ex-presidente da Caixa Rita Serrano, trocada por Carlos Vieira Fernandes, indicado por Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados.

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Após falar de ações que teriam sido feitas pelo governo Bolsonaro em prol das mulheres, Michelle debochou novamente: "Esse é o misógino né? Casado com uma mulher linda. Cada um tem o que merece né? Amém".

O UOL procurou a Secom (Secretaria de Comunicação Social). O posicionamento será publicado, se houver retorno.

Jair Bolsonaro também esteve no evento do PL Mulher nesta manhã e discursou. Em sua fala, o ex-presidente fez críticas ao governo Lula e se referiu à atual gestão como "mal" e "câncer vermelho que atrapalha o futuro do Brasil".

Michelle ironiza delação e diz que sabe dar golpe de luta

Ainda no evento, a ex-primeira-dama disse que o único golpe que ela dá é durante treinos de luta. As informações são do Estadão Conteúdo.

"Recebi uma mensagem que meu enteado Duda (Eduardo Bolsonaro) e eu estávamos incitando o golpe. Eu, incitando golpe? Com qual arma? Minha Bíblia poderosa?", disse Michelle. "Eu sei dar golpe e quero ensinar para vocês agora: jab, jab, direto, cruzado, up, esquiva, up", continuou a ex-primeira-dama, encenando os golpes no palco do evento. Ela disse praticar luta todas as terças e quintas-feiras.

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Essa não é a primeira vez que a ex-primeira-dama cita os treinos de luta no contexto de investigações que a atingem. Em setembro, antes de comparecer para depor na sede da Polícia Federal, em Brasília, sobre o caso da venda de joias da Presidência, Michelle postou um vídeo treinando, com a legenda: "Das porradas da vida, essas são as melhores".

Responsável pela investigação, o subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, disse ao Estadão Conteúdo que a delação de Cid ainda é uma "narrativa" e que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro precisa comprovar as denúncias e informações repassadas em sua delação. "Isso aí tem que ser corroborado. Pedi uma série de diligências que estão em curso", afirmou.

Em nota, a defesa do ex-presidente e da ex-primeira-dama disse ontem que as acusações da delação de Cid não são amparadas em elementos de prova.

"As afirmações feitas por supostas fontes são absurdas e sem qualquer amparo na verdade e, via de efeito, em elementos de prova. Causa, a um só tempo, espécie e preocupação à defesa do ex-presidente Bolsonaro que tais falas surjam nestes termos e contrariem frontalmente as recentíssimas —ditas e reditas—, declarações do subprocurador da República, dr. Carlos Frederico, indicando que as declarações prestadas pelo tenente-coronel Mauro Cid, a título de colaboração premiada, não apontavam qualquer elemento que pudesse implicar o ex-presidente nos fatos em apuração."

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