PGR pede afastamento de governador do Acre, Gladson Cameli, por corrupção
A PGR (Procuradoria-Geral da República) denunciou o governador do Acre, Gladson Cameli (PP) por cinco crimes, incluindo organização criminosa e corrupção. O órgão pede que Cameli seja afastado até o fim das investigações.
O que aconteceu
PGR denunciou Cameli pelos crimes de organização criminosa, corrupção nas modalidades ativa e passiva, peculato, lavagem de dinheiro e fraude a licitação. Os crimes teriam causado prejuízo de quase R$ 12 milhões aos cofres públicos.
Somadas, as penas podem chegar a 40 anos de prisão. Em março deste ano, a PF já tinha bloqueado R$ 10 milhões, carros, imóveis e um avião do chefe do Executivo acriano.
Além do governador, também foram denunciados a esposa e dois irmãos de Cameli. Ao todo, são 13 pessoas, entre servidores, empresários e pessoas que teriam atuado como "laranjas". Cameli seria o líder do grupo.
Crimes aconteceriam desde 2019, segundo a denúncia. O governador teria recebido mais de R$ 6 milhões em propina de empresas de construção —algumas que têm o irmão dele, Gledson, como sócio —para fechar contratos fraudulentos.
Empresas fizeram trabalhos diferentes dos que foram contratados e superfaturaram serviços em quase R$ 3 milhões.
Pedido de afastamento ainda será analisado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Defesa de Cameli diz que pedido de afastamento é "arbitrário e absurdo". "Não há nenhum fato novo que justifique esse pedido de afastamento", disse o advogado Pedro Ivo em nota enviada ao UOL. "Não há nenhuma ilegalidade atribuível ao governador Gladson Cameli. As obras foram todas executadas e entregues ao povo do Acre, que reelegeu Gladson Cameli no primeiro turno".
"Esse pedido de afastamento é uma afronta ao mandato conferido pelo povo do Acre", escreveu o advogado, acrescentando que o governador confia na Justiça, convicto de que o pedido será rejeitado.
Ostentação reforçou suspeitas de corrupção
Reportagem do colunista do UOL Aguirre Talento mostrou que a vida de ostentação do governador ajudou a colocá-lo no centro das investigações.
Governador e família tinham itens de luxo, como uma BMW de R$ 500 mil e uma mansão em Miami estimada em US$ 4,5 milhões (quase R$ 23 milhões). A suspeita é que os bens foram comprados com dinheiro desviado do governo estadual.
À época, defesa do governador rejeitou as denúncias e disse que os gastos viriam de atividade empresarial.
PF suspeita que governador omita fortuna. Na eleição de 2022, Cameli declarou um patrimônio de R$ 5,1 milhões. Em 2021, a PF estimava que ele tivesse mais de R$ 21 milhões.
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