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Lula: PT deve 'voltar a ser o que era' para 'recuperar credibilidade'

Do UOL, em São Paulo

08/12/2023 21h04

O presidente Lula (PT) afirmou que o Partido dos Trabalhadores precisa "voltar a ser o que era" para conseguir recuperar a "credibilidade" nas eleições municipais de 2024, quando os brasileiros vão escolher prefeitos e vereadores.

O que aconteceu

Lula destacou que o PT precisa se reencontrar. "Esse partido, que com essas atitudes, fez a gente se transformar no partido mais importante da esquerda da América Latina, esse partido precisa voltar um pouco a ser como era no começo para a gente reconquistar a credibilidade". A declaração foi feita durante a conferência eleitoral do PT, em Brasília, na noite desta sexta-feira (8).

Entretanto, o petista ponderou que não está pedindo para "ninguém voltar às origens", já que é preciso reconhecer que os trabalhadores não são mais os mesmos. "A base originária do PT não é mais a mesma. A classe operária não é mais a mesma. O emprego não é mais o mesmo", acrescentou.

Lula questionou se os filiados do partido estão falando "o que o povo quer ouvir". Ele reclamou da a quantidade de deputados do PT eleitos nas últimas eleições. "Por que tão pouco, se a gente é tão bom? Por que tão pouco, se a gente acha que a gente poderia ter muito mais? É preciso que a gente tente encontrar respostas dentro de nós", argumentou.

Ele também citou a importância de conversar e de se aproximar dos evangélicos. "Será que temos que aprender com o povo como é que fala com eles? Como é que a gente vai chegar nos evangélicos, companheira Benedita? Se fosse fácil, colocava você que, é a mais linda evangélica do país para resolver os problemas, mas não é você. Não é individualmente um problema de uma pessoa. É a narrativa que temos que aprender para conversar com essa gente", destacou.

Além dos evangélicos, Lula também citou o setor do agronegócio ao mencionar que deram mais votos para os opositores do PT. "O agronegócio, que votou majoritariamente contra nós, nunca recebeu a quantidade de dinheiro que recebeu neste plano safra que fizemos agora. E vamos fazer mais. Não queremos fazer para eles. Queremos fazer pelo país", concluiu.

Lula disse aos petistas que as eleições do ano que vem devem repetir a lógica de disputa contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. "Essa eleição não sei se será municipalizada, estadualizada ou nacionalizada. Acho que vai acontecer um fenômeno. Acho que vai ser mais uma vez Lula e Bolsonaro disputando nos municípios. Não pode aceitar provocação, medo, ficar com vergonha. O cachorro quando late para a gente, a gente late também para ele ficar com medo da gente".

'É preciso voltar a fazer trabalho de base'

O presidente falou que as eleições de 2024 vão servir para o partido aprender a discutir nas cidades. "A gente tem condições de ter candidato a prefeito, não precisa ser em condições de ganhar, porque uma candidatura não é importante só quando se ganha, pode perder e você construir a base para vitória no ano seguinte. Mas é preciso que a gente tenha coragem de escolher o melhor, não podem ser as briguinhas internas do partido", cobrou.

Ele ressaltou que é preciso voltar a fazer o trabalho de base e disse que não há outro partido tão organizado como o PT. "O dinheiro pesa, mas o trabalho de base não tem dinheiro que compre. (...) Não podemos ter candidato querendo comprar apoio de líder de bairro, o apoio a gente conquista, vai para a rua, sempre foi assim".

Lula adotou um tom mais pragmático. Defendeu que cada correligionário defina, a depender das situações locais, se é melhor fazer uma aliança para serem competitivos. "Se a gente não tiver condições de ter uma candidatura competitiva, que possa olhar o nosso partido durante a campanha e procurar aliados para fazer acordo. Se não tem candidato, tem que apoiar o cara mais próximo de nós, disposto a construir uma linha programática junto conosco. A gente pode fazer as pessoas assumirem compromissos. A gente tem que fazer acordo com pessoas de esquerda".

Segundo o presidente, as realidades locais têm de ser analisadas pelos líderes municipais. "Não é o presidente da República que vai saber o que está acontecendo", disse.

Cerca de 2,5 mil pessoas compareceram ao auditório Ulysses Guimarães, segundo organizadores do evento, para ver de perto o presidente, a primeira-dama, Janja, ministros e governadores presentes.

Os apoiadores, vestidos com as cores do PT, entoaram um "Olê, Olê, Olá, Lula" assim que o presidente foi chamado ao microfone.

Quando falou sobre o acampamento montado em frente à sede da Polícia Federal em Curitiba quando estava preso, Lula se emocionou. Foi interrompido pelos gritos de "Lula, guerreiro do povo brasileiro".

*Com Estadão

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