'Com mim', 'conje'... Moro tem histórico de derrapadas na língua portuguesa

Um deslize gramatical chamou a atenção em uma fala do senador Sergio Moro (União-PR) durante uma audiência no TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná).

Ele disse: "Tanto que o valor elevado não corresponde ao que foi gasto especificamente com mim". O correto seria usar "comigo". Minutos antes, ele disse corretamente "comigo", mas na frase seguinte escorregou.

Depois, ainda disse "não só mim", quando o certo seria "não só eu".

"Eu" e "mim" são pronomes. O primeiro, do caso reto; o segundo, oblíquo. De modo geral, "eu" é usado antes de verbo, enquanto "mim" e "comigo" têm a função de complemento verbal.

O deslize de Moro repercutiu nas redes sociais, e não foi a primeira vez que isso aconteceu. Críticos do ex-juiz da Operação Lava Jato fazem barulho nas redes e resgatam com frequência outras derrapadas com o português durante sua carreira pública.

Vale lembrar que, na linguagem coloquial, algumas formulações não devem ser consideradas erros —o importante é que a comunicação se estabeleça entre quem fala e quem escuta ou lê.

Enen

Em uma postagem de novembro no X (antigo Twitter), já apagada, ele publicou: "A prova do ENEN, além de abusar da doutrinação ideológica, é confusa e mal redigida".

O erro —que pode ter sido de digitação— está no nome do Exame Nacional do Ensino Médio, cuja sigla é Enem, com a letra "m" no final, e não com "n".

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'Depredraram'

Durante sessão da CPI Mista do 8 de janeiro, no fim de junho, ele disse "cometeram atos de violência, invadiram, depredraram". Aqui o certo seria "depredaram".

'Conje'

Já em novembro de 2019, durante discurso na Câmara dos Deputados, disse: "a possibilidade, por exemplo, de uma mulher, uma 'conje'". O certo é cônjuge, não "conje". O termo é usado para uma das pessoas que estão casadas ou em uma união estável.

Por que x porque

No X, ainda quando era ministro da Justiça, publicou: "Por qual motivo os crimes caem em todo o país? Por que as forças de segurança estão trabalhando como nunca. Simples."

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Aqui, o erro está no uso de "por que" separado. O certo seria "porque", pois está explicando o que foi dito anteriormente.

Haver

Em participação no programa "Roda Viva", da TV Cultura, em 2018, o então juiz disse: "havia todo um anseio da população para que houvessem reformas legislativas que incrementassem a eficiência do sistema em relação a esse tipo de criminalidade".

Aqui, Moro escorregou na conjugação do verbo haver. O certo seria "houvesse reformas". O verbo haver, no sentido de existir, é impessoal e deve concordar com a 3.ª pessoa do singular.

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