8 de janeiro teve passeata, confronto e invasão de prédios; veja cronologia
Os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 começaram como uma passeata, viraram confrontos entre policiais e golpistas e terminaram com prédios públicos invadidos por mais de 7 horas e destruídos.
A cronologia do 8 de janeiro
11h21: Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal, envia mensagem a Flávio Dino —então ministro da Justiça— na qual informa que a situação está "tranquila" em Brasília. Àquela altura, a preocupação das autoridades eram os extremistas acampados em frente ao quartel-general do Exército.
11h30: Policiais militares se reúnem com extremistas acampados em frente ao QG do Exército para definir detalhes da caminhada prevista para acontecer naquele dia. Eles combinam que a passeata não adentraria a Praça dos Três Poderes. Mas informes das forças de segurança já apontavam para o risco de distúrbios.
12h: A pedido do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), uma companhia de 35 homens é enviada para reforçar a segurança do Palácio do Planalto, que já contava com militares à disposição.
13h: Extremistas partem do quartel-general do Exército em direção ao Congresso Nacional, a 7 quilômetros de distância, com escolta da PM. Meia hora depois, a caminhada estava na altura do estádio Mané Garrincha, a 4 quilômetros do Congresso.
14h: Com cerca de 30 PMs, a primeira barreira policial é rompida por extremistas na altura da Catedral de Brasília —a 1,5 quilômetro do Congresso. A polícia tenta dispersar o grupo com spray de pimenta, sem sucesso.
14h43: Os extremistas rompem uma segunda barreira com mais 30 policiais, a 200 metros do Congresso. A polícia tenta conter a multidão com bombas de gás lacrimogênio, mas não consegue. Os invasores se dividem em três grupos, que seguem para Congresso, Palácio do Planalto e STF (Supremo Tribunal Federal). As forças de segurança na Praça dos Três Poderes começam a receber reforço.
15h: O Congresso Nacional é tomado por invasores. Diante da situação, o efetivo policial do Distrito Federal que se encontrava de sobreaviso é acionado por Ibaneis Rocha.
15h15: Os extremistas invadem o Palácio do Planalto. Às 15h33, um dos invasores quebra um relógio de mais de 200 anos no terceiro andar do prédio.
15h40: STF é tomado e depredado por invasores. O plenário é destruído pelos extremistas.
16h09: Plenário da Câmara sofre tentativa de invasão por extremistas que ocupam o Salão Verde, mas ação é contida por forças de segurança.
16h13: Forças de segurança tentam evitar que invasores cheguem ao Senado, mas extremistas acessam plenário da casa e outras áreas do prédio.
16h25: Então presidente do STF, a ministra Rosa Weber avisa a Ibaneis que extremistas entraram no Congresso. "Coloquei todas as forças de segurança nas ruas", responde ele.
16h40: A cavalaria da PM chega à praça dos Três Poderes. "Tira esses vagabundos do Congresso e prenda o máximo possível", pede Ibaneis por mensagem a Fernando Sousa, então secretário-executivo de segurança de Brasília.
16h45: Ibaneis anuncia demissão de Anderson Torres, então secretário de segurança. Torres estava de férias nos Estados Unidos e Sousa comandava a operação da polícia local no 8 de janeiro.
17h: Forças de segurança começam a retirar invasores do Congresso. Os danos na Câmara somaram R$ 2,7 milhões. Já no Senado, o prejuízo chegou a R$ 3,5 milhões.
17h50: Lula decreta intervenção federal na secretaria de segurança do Distrito Federal.
17h54: STF é retomado por forças de segurança. A ação dos extremistas no prédio gerou prejuízo de R$ 12 milhões e mais de 950 itens furtados, quebrados ou destruídos.
20h: Os prédios da Praça dos Três Poderes são esvaziados pelas forças de segurança. A operação exigiu o uso de bombas de gás lacrimogênio e resultou na prisão de 243 pessoas e 44 PMs feridos só no dia 8.
0h: Alexandre de Moraes determina o afastamento de Ibaneis por 90 dias, por "descaso e conivência" com os atos. A vice-governadora Celina Leão (PP) assume o cargo. Além do afastamento, o ministro do STF determina a dissolução de acampamentos extremistas perto de quartéis.