Após 4 meses, França deixa 'puxadinho' por vaga na Esplanada

Quatro meses depois de deixar a cadeira de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB) se tornou oficialmente ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte hoje.

O que aconteceu

A criação do ministério foi sancionada nesta tarde pelo presidente Lula (PT) em reunião fechada. A pasta estava detalhada em uma medida provisória de 13 de setembro e foi aprovada pelos parlamentares em 20 de dezembro, no apagar das luzes do Congresso. França deu lugar a Silvio Costa Filho (Republicanos).

Até agora, o ministério funcionava como um "puxadinho", segundo o próprio ministro chamava, no prédio do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). A sanção transforma oficialmente a pasta no 38º ministério de Lula.

A reunião foi rápida: cerca de 30 minutos e França saiu sem falar. Segundo apoiadores e pessoas próximas, o ministro tem se empenhado em entender mais sobre o novo cargo, mas ainda tem se mostrado descontente com a situação, que considerou um "rebaixamento".

O presidente também não se pronunciou hoje. "A nova pasta visa fortalecer políticas, programas e ações voltadas para o apoio e formalização de negócios, arranjos produtivos locais, artesanato, além de estimular o microcrédito e facilitar o acesso a recursos financeiros", explica a Secom (Secretaria de Comunicação Social), por nota.

A entrada de França no governo foi combinada durante as eleições de 2022. Ex-governador por ter sido vice de Alckmin, ele era pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes em São Paulo. Para não competir nem tirar votos de Fernando Haddad, candidato do PT, ele aceitou concorrer ao Senado pela chapa.

Nenhum dos dois foi eleito e ambos viraram ministros. França seguia satisfeito, com seu jeito brincalhão, até a mudança, em meio à reforma ministerial feita no ano passado.

Mudança a contragosto

França não queria sair de Portos e Aeroportos. Com reduto político na Baixada Santista, a pasta, além de mais relevante, tem ainda o controle do porto de Santos, peça fundamental para suas pretensões em São Paulo, onde ainda gostaria de voltar ao governo.

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O PSB chegou a reclamar publicamente de uma possível diminuição do número de ministérios ou do "rebaixamento". A costura foi decidida após diversas conversas entre Lula e Alckmin, padrinho de França no governo.

Após a mudança, França não escondeu seu descontentamento. Na posse informal dos três, feita a portas fechadas por Lula em setembro, ele deixou claro ter poucos detalhes sobre o ministério recém-criado.

À imprensa disse que até o nome, com a palavra "Micro", poderia ser revisto —não foi. "Acho que nem entrou 'micro'", disse, sem muita certeza, e completou que aceitaria "qualquer incumbência" de Lula.

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