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Viagem de deputados bolsonaristas a El Salvador custou R$ 100 mil à Câmara

Foto mostra deputados bolsonaristas em frente a CECOT, a maior prisão do mundo Imagem: Divulgação/Câmara dos Deputados

Do UOL, em São Paulo

17/01/2024 16h36Atualizada em 17/01/2024 20h59

Viagem realizada por cinco deputados bolsonaristas a El Salvador, em dezembro do ano passado, custou quase R$ 100 mil aos cofres públicos. O caso foi revelado pelo Metrópoles e confirmado pelo UOL.

O que aconteceu

Deputados gastaram R$ 96 mil em viagem ao país. Os congressistas Eduardo Bolsonaro, Sanderson, Capitão Alden, Coronel Assis e Delegada Ione viajaram a El Salvador em dezembro para visitar o Centro de Detenção de Terrorismo, a maior prisão do mundo, e conhecer o sistema penal e de segurança do país, que se encontra em estado de exceção.

Comissão da Câmara aprovou gasto. A viagem foi aprovada pela Comissão de Segurança Pública e de Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados, cujo presidente é o próprio deputado Sanderson, que viajou a El Salvador. Os outros deputados que viajaram também são membros da Comissão.

Parlamentares participaram de aula de tiro. Em visita à Academia Nacional de Segurança Pública, os deputados participaram de "simulação de abordagem em situação crítica de perigo e aulas de tiro com simulação".

O UOL tenta contato com os deputados, mas ainda não teve resposta. Essa reportagem será atualizada em caso de manifestação.

Leia os gastos declarados por cada deputado

Eduardo Bolsonaro (PL/SP): R$ 7.654,50 em diárias e R$ 9.360,77 em passagem.

Sanderson (PL/RS): R$ 9.668,52 em diárias e R$ 9.702,40 em passagem.

Capitão Alden: R$ 9.668,52 em diárias e R$ 10.306,50 em passagem.

Coronel Assis: R$ 9.668,52 em diárias e R$ 9.705,95 em passagem.

Delegada Ione: R$ 9.841,86 em diárias e R$ 10.685,24 em passagem.

Gastos públicos: R$ 96.262,78

El Salvador está em estado de exceção

Governo de Nayib Bukele é enfrenta estado de exceção. Desde que assumiu a presidência de El Salvador em 2019, Nayib Bukele jurou guerra contra gangues e a criminalidade que assolava o país. Bukele então declarou estado de exceção no país, o que permitiu prisões sem mandado e gerou polêmica.

Bukele é favorito à reeleição. O grande apoio popular a Bukele se deve ao fato de que sua "guerra" contra os grupos criminosos levou tranquilidade à população, porém às custas de direitos civis limitados por um regime de exceção.

"Crise de direitos humanos", diz Anistia Internacional. Em texto publicado em junho de 2022, a organização de direitos humanos Anistia Internacional alertou que o país enfrentava uma "crise de direitos humanos" devido à política de Bukele, e denunciou que presos eram torturados e morriam nas prisões.

O estado de emergência, as recentes alterações ao Código Penal e ao Código de Processo Penal e a sua implementação neste contexto pelos Tribunais Especializados, pela Procuradoria-Geral da República e pelo Ministério Público, entre outros, puseram em causa os direitos à defesa, a presunção de inocência, recurso judicial efetivo e acesso a um juiz independente. O direito internacional dos direitos humanos, que é vinculativo para as autoridades salvadorenhas, não permite que estes direitos sejam restringidos, mesmo em estado de emergência.
Sob pretexto de punir as gangues, as autoridades salvadorenhas cometem violações generalizadas e flagrantes dos direitos humanos e criminalizam as pessoas que vivem na pobreza.

Anistia Internacional, sobre governo de Nayib Bukele

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