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Certificado de vacinação de Bolsonaro contra covid-19 é falso, conclui CGU

Do UOL, em São Paulo

18/01/2024 19h01Atualizada em 19/01/2024 14h42

A CGU (Controladoria-Geral da União) concluiu ser falso o registro de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra a covid-19. Investigações da Polícia Federal indicaram que os dados dos certificados haviam sido adulterados para permitir a entrada de Bolsonaro nos Estados Unidos, no final de 2022.

O que aconteceu

CGU identificou inconsistências no certificado de Bolsonaro. Dados do Ministério da Saúde indicam que há um registro de vacinação contra a covid-19 em 19 de julho de 2021, na UBS Parque Peruche, em São Paulo. As investigações mostraram, porém, que o ex-presidente não estava na capital paulista nesta data — ele foi para Brasília um dia antes e não fez nenhum outro voo até 22 de julho.

Órgão também analisou informações sobre o lote da suposta vacina. Os dados mostraram que a vacina que Bolsonaro "tomou" não estava disponível na UBS Parque Peruche naquele dia. Além disso, em depoimento aos auditores da CGU, a enfermeira indicada no cartão de vacinação negou que tenha aplicado a dose e disse que não trabalhava mais na UBS à época, o que foi confirmado por documentos.

À CGU, funcionários da UBS negaram ter visto ex-presidente. Todos os funcionários ouvidos pela CGU disseram não ter visto Bolsonaro na UBS Parque Peruche em 19 de julho de 2021. Os depoimentos foram corroborados pela análise dos livros físicos mantidos pela UBS para registro da vacinação da população.

Havia outros dois registros de imunização em Duque de Caixas (RJ). Nestes cadastros, os auditores da CGU identificaram rapidamente um possível esquema de fraude em cartões de vacinação que também envolvia o então secretário de Governo de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha. Os registros foram feitos por agentes municipais, mas cancelados antes mesmo do início das investigações.

Investigação da CGU no Rio revelou ligação de Mauro Cid com o esquema. As descobertas da CGU em Duque de Caxias levaram à deflagração da Operação Venire, da Polícia Federal. A ação revelou a ligação de agentes públicos federais e municipais com o esquema e, ainda, a do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que foi preso preventivamente em maio de 2023.

Portanto, quanto à vacinação que teria ocorrido em São Paulo - único registro que ainda permanece no cartão de vacinação do ex-chefe do Executivo - a CGU encerrou seus trabalhos no final de 2023. A conclusão foi que se trata de fraude ao sistema estadual de registro de vacinação contra a covid-19.
CGU, em nota

Entrada nos EUA

Dados de vacinação foram adulterados para permitir entrada nos EUA. Segundo a PF, Bolsonaro não se vacinou, mas tinha um certificado ilegal que indicava o oposto. A PF também investigava se essas fraudes beneficiaram a filha do ex-presidente, Laura, de 13 anos, e assessores e familiares que também viajaram aos EUA no final de 2022.

À PF, Bolsonaro negou que tenha orientado a falsificação do certificado. Em maio de 2023, durante depoimento à PF, ex-presidente disse que "jamais se vacinou, que desconhecia toda e qualquer iniciativa para eventual falsificação, inserção, adulteração no seu cartão de vacinação bem como de sua filha".

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