Em mensagens, Jordy foi chamado de líder e 'com poder de parar tudo'

Em mensagens obtidas pela Polícia Federal, o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) foi chamado de "líder" por Carlos Victor de Carvalho, que organizou manifestações e bloqueios em Campos dos Goytacazes (RJ). Na conversa, é mencionado "poder de parar tudo" após as eleições do ano passado.

O que aconteceu

A conversa motivou a PF a pedir buscas contra o parlamentar, e o ministro Alexandre de Moraes, do STF, concordou. Em decisão, ele disse que os indícios apontam para a "forte ligação" entre o deputado e o líder dos movimentos antidemocráticos, de modo que Jordy supostamente seria quem efetivamente orientava as ações movidas por CVC.

Ressalto que nessa data estavam em prática os bloqueios de rodovias em todo o Brasil, inclusive em Campos, e no diálogo acima CARLOS VICTOR chama o parlamentar de 'meu líder' e pede orientação quanto a 'parar tudo', sendo portanto fortes os indícios de envolvimento de CARLOS JORDY nos delitos apurados na presente investigação, mediante auxílio direto na organização e no planejamento.
Alexandre de Moraes, em decisão que autorizou buscas contra Jordy

Relatório da PF enviado a Moraes aponta uma troca de mensagens entre Jordy e Carlos Victor de Carvalho, o CVC, em novembro de 2022. Na época, acampamentos golpistas começaram a ser montados, assim como bloqueio de rodovias contra o resultado das eleições.

De acordo com a PF, indícios apontam que a ligação entre CVC e Jordy "transpassa o vínculo político, vindo denotar-se que o parlamentar, além de orientar, tinha o poder de ordenar as movimentações antidemocráticas".

O que esta autoridade policial julga mais grave é que o vínculo entre o parlamentar e o apoiador não seja apenas para fins políticos partidários, mas também com a intenção de ordenar a prática de crimes contra o Estado de Direito.
Trecho da representação da Polícia Federal

A conversa entre Jordy e CVC foi a seguinte:

  • CVC: Bom dia meu líder. Qual direcionamento você pode me dar? Tem poder de parar tudo.
  • Carlos Jordy: Fala irmão, beleza? Está podendo falar aí?
  • CVC: Posso irmão. Quando quiser pode me ligar.

A menção ao "parar tudo" fez a PF suspeitar de que Jordy tinha participação nos atos golpistas. Além disso, os investigadores mencionam que o deputado procurou CVC em 17 de janeiro, quando ele estava foragido.

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"Como parlamentar, representante da população brasileira, ao tomar conhecimento do destino do foragido, seu dever como agente público seria comunicar imediatamente a autoridade policial", diz a PF.

Além de Jordy, a PF conduziu buscas contra outras nove pessoas suspeitas de envolvimento com atos golpistas. As medidas foram autorizadas por Moraes, com aval da PGR.

Desde o início das apurações, é a primeira vez que um deputado federal é alvo de busca e apreensão na Lesa Pátria. Há outros parlamentares investigados por sua relação com os atos antidemocráticos, mas até hoje não foram alvo de medidas desse tipo.

Jordy nega acusações

Pelas redes sociais, o deputado afirmou que a operação foi "autoritária, sem fundamento e sem indício" e que o objetivo seria persegui-lo e intimidá-lo. Jordy é pré-candidato à Prefeitura de Niterói (RJ).

No vídeo, ele ainda criticou Moraes. "Esse mandado do ministro Alexandre de Moraes é a constatação de que estamos vivendo uma ditadura", disse.

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