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Michelle Bolsonaro cita polícia nazista para se referir à PF após operação

Do UOL, em São Paulo

29/01/2024 22h56

A ex-primeira-dama e presidente do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, usou a palavra "Gestapo" (polícia secreta oficial da Alemanha nazista) para se referir à PF (Polícia Federal) brasileira em publicação feita nas redes sociais nesta segunda-feira (29).

O que aconteceu

Michelle diz que fez publicação para "desmentir fake news". A postagem ocorre no mesmo dia em que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do marido de Michelle, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi alvo de operação da PF. Ela rebateu que o marido teria se "escondido" durante a ação que cumpriu mandados de busca e apreensão e mirou o vereador no Rio de Janeiro.

Ex-primeira-dama se referiu ao caso como "Operação da Gestapo (PF) de hoje". O vídeo que acompanha a publicação mostra Bolsonaro na frente da casa onde o mandado foi cumprido. O ex-presidente chega a fazer um "joinha" para a câmera e é seguido por Carlos, que deixou a residência. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também aparece no vídeo.

Trecho foi veiculado originalmente no "Conexão GloboNews". O programa em questão foi apresentado pela jornalista Daniela Lima nesta tarde. "Bolsonaro fez questão de ficar ali fora, não se escondeu. O filho [Carlos] também não", diz a jornalista. O trecho compartilhado por Michelle, no entanto, não mostra o "GC (Gerador de Caracteres)" do canal de televisão, onde constava o horário, data, a chamada para a matéria, entre outras informações.

Michelle Bolsonaro fez a publicação no Instagram Imagem: Reprodução/Instagram/@michellebolsonaro

Texto que acompanha o vídeo cita a Gestapo (abreviação de Geheime Staatspolizei). A polícia do regime nazista investigava e torturava opositores ao regime do ditador Adolf Hitler.

"Compartilhem no story [emoji de mãos orando]", finalizou Michelle.

Mais cedo, Michelle publicou um trecho bíblico. A postagem tinha os seguintes dizeres: "Nenhuma arma forjada contra você prevalecerá e você refutará toda a língua que a acusar". Foi uma das primeiras manifestações de uma pessoa próxima de Bolsonaro desde o início da operação.

O UOL tenta contato com a Polícia Federal em busca de um posicionamento sobre a publicação de Michelle Bolsonaro. Se houver retorno, o texto será atualizado. O espaço segue aberto para manifestação.

Defesa de Bolsonaro critica operação

Em nota, a defesa de Bolsonaro informou que o ex-presidente e os filhos não estavam no imóvel quando os policiais chegaram porque "haviam saído cedo para pescar em um local próximo". O texto foi assinado pelos advogados Daniel Bettamio Tesser, Fábio Wajngarten e Paulo Amador da Cunha Bueno.

"Ao tomarem conhecimento da busca que se realizava na residência do ex-presidente, todos retornaram imediatamente para acompanhar e atender plenamente ao mandado judicial, prestando os esclarecimentos necessários e colaborando com os agentes policiais", acrescentaram os defensores.

Defesa criticou operação. Os advogados classificaram a ação como "mais uma desastrosa e indevida fishing expedition, ou pescaria probatória, subvertendo a lógica das garantias constitucionais". Eles apontaram que outras pessoas foram afetadas pela operação "apenas pelo fato de estarem no endereço em que a busca foi realizada". "Vasculharam a intimidade e a vida privada de cidadãos, vilipendiando seus direitos fundamentais e extrapolando os limites legais."

A medida empreendida hoje, em uma residência familiar, com a apreensão indiscriminadas de bens pessoais de terceiros, sem ordem judicial específica, configura inegável abuso e uso excessivo do poder estatal, postura que deve cessar imediatamente, sob pena de configurar verdadeiro atentado à democracia.
Defesa de Bolsonaro

Entenda a operação

A PF fez buscas numa casa em Angra dos Reis (RJ) onde estão Carlos, os irmãos Eduardo e Flávio e Jair Bolsonaro. Também houve busca e apreensão na casa de Carlos, na Barra da Tijuca, e no seu gabinete na Câmara Municipal do Rio.

Outro alvo é Giancarlo Gomes Rodrigues, ex-assessor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). A PF encontrou e apreendeu dez celulares na casa do militar.

A PF investiga se aliados de Bolsonaro na Abin usaram, de forma indevida, outras ferramentas de espionagem, além do First Mile. O software permite o monitoramento de geolocalização de celulares em tempo real. Segundo a PF, o então diretor da agência, Alexandre Ramagem, teria utilizado sua posição para "incentivar e encobrir" o uso de um programa espião.

Família Bolsonaro disse não ter realizado atos de espionagem. O ex-presidente disse que a Abin paralela "jamais existiu" e elogiou Alexandre Ramagem durante uma live feita com seus filhos no domingo (28).

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