Pimenta defende post do governo em dia de operação contra Carlos Bolsonaro
O ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social), Paulo Pimenta, defendeu uma publicação realizada na conta do governo sobre a dengue. A publicação foi vista como deboche ao vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), alvo de operação da PF.
O que aconteceu
Ministro cita dificuldade de quem tem "linguagem analógica tradicional". Ele declarou que as pessoas que têm essa visão teriam dificuldade para entender o papel dos algoritmos nas "janelas de oportunidades e fluxos" que a comunicação digital leva em consideração.
Pimenta cita exemplo. Em publicação no X (antigo Twitter), o ministro disse que é como se um trem passasse e ele embarca junto para "viajar na velocidade do trem" e transmitir a sua mensagem. "A mensagem principal é a dengue o trem é a pauta do dia. É assim que funciona", acrescentou.
O resto é especulação e tentativa de tirar o foco do que é central e relevante neste momento.
Paulo Pimenta, ministro da Secom
É difícil para quem raciocina em uma linguagem analógica tradicional entender o papel dos algoritmos nas 'janelas de oportunidades e fluxos' que a comunicação digital precisar considerar. É como se tivesse um trem em alta velocidade passando. Se eu ficar na frente sou atropelado.…
-- Paulo Pimenta (@Pimenta13Br) January 29, 2024
Oposição criticou publicação e citou 'indiretas'
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) usou a publicação para questionar o governo Lula. "[A atual gestão] teria alguma ingerência sob a operação desta manhã ou é só destilação explícita de ódio e revanchismo mesmo?", perguntou.
"Não é estranho que aqueles que têm força política para atrapalhar o projeto de poder petista estão sendo alvos de operações?", acrescentou a deputada no X.
O também deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) disse que vai acionar a Justiça contra o governo federal. Ele acusou o governo de usar a máquina pública para "fazer indiretas": "É um absurdo um comportamento desses com o uso do dinheiro público para perseguir adversários".
Diante do uso da máquina pública federal pelo governo para fazer indiretas a oposição, sobre investigações da polícia federal, por clara ofensa ao princípio da impessoalidade e moralidade, estou acionando hoje a justiça. É um absurdo um comportamento desses com o uso do? pic.twitter.com/VUUibVClSA
-- Nikolas Ferreira (@nikolas_dm) January 29, 2024
Entenda o caso:
No post, o governo federal incentiva as pessoas a receberem agentes comunitários que baterem à sua porta. "Não tenha medo, apenas receba-os", diz a mensagem. Em resposta, as pessoas riram e chamaram de "deboche".
O "toc, toc, toc" virou meme em 2022. Na ocasião, a então deputada federal Joice Hasselmann repetiu os sons de batida na porta, seguido de "é a Polícia Federal". À época, Joice comentava a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.
Preste atenção na identificação e nas credenciais. Os agentes de saúde devem apresentar crachá com foto, nome completo, cargo, número de registro da prefeitura e brasão do município, camiseta ou colete com a inscrição "Agente Comunitário de Saúde" e brasão municipal. pic.twitter.com/7qMkysp90q
-- Governo do Brasil (@govbr) January 29, 2024
O perfil oficial do PT Brasil também brincou com a situação. A publicação traz uma imagem com a seguinte frase: "Bom dia, Polícia Federal" e uma foto de Carlos Bolsonaro.
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Quero receberTOC TOC TOC PARA A FAMÍLIA BOLSONARO pic.twitter.com/1kh2igFPNY
-- PT Brasil (@ptbrasil) January 29, 2024
A operação
A PF fez buscas hoje em uma casa em Angra dos Reis (RJ) onde estão Carlos, os irmãos Eduardo e Flávio e Jair Bolsonaro (PL). Outro alvo é Giancarlo Gomes Rodrigues, ex-assessor da Abin. A PF encontrou e apreendeu 10 celulares na casa do militar.
Segundo a PF, a busca e apreensão é para averiguar computadores, celulares e outras mídias que estavam com Carlos. A casa e o gabinete de Carlos na Câmara Municipal do Rio, além de assessores de Carlos, também foram alvos.
"Abin Paralela"
A PF investiga se aliados de Bolsonaro na Abin usaram, de forma indevida, outras ferramentas de espionagem, além do First Mile. O software permite o monitoramento de geolocalização de celulares em tempo real. Segundo a PF, o então diretor da agência, Alexandre Ramagem, teria utilizado sua posição para "incentivar e encobrir" o uso de um programa espião.
Os investigadores suspeitam que Ramagem utilizou da estrutura da Abin para tentar fazer provas em defesa de Flávio e Jair Renan Bolsonaro, filhos do ex-presidente, e espionar adversários políticos do ex-mandatário, como Joice Hasselmann e Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara.
A Abin teria sido instrumentalizada para monitoramento da promotora de Justiça responsável pelo caso da vereadora Marielle Franco. Em decisão que autorizou buscas contra Ramagem, o ministro Alexandre de Moraes classificou a postura do ex-diretor da Abin como de "natureza gravíssima".
O First Mile é um programa adquirido pela Abin que permite ao usuário rastrear dados de geolocalização de qualquer pessoa. A ferramenta permite o rastreio de até 10 mil pessoas por ano.
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