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'Não tem sentido tachar Abin de bolsonarista', diz ex-número 2 da agência

Ex-diretor-adjunto da Abin, o delegado da Polícia Federal Alessandro Moretti Imagem: 5.dez.2023-Divulgação/Abin

Do UOL, em São Paulo

01/02/2024 08h51

Ex-diretor-adjunto da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Alessandro Moretti disse em entrevista à revista Veja que não faz sentido tachar a agência de bolsonarista.

O que aconteceu

Número 2 na hierarquia afirmou que "não faz sentido tachar a Abin de bolsonarista". "Foi a agência que alertou para os episódios do dia 8 de janeiro e, inclusive, subsidiou as investigações das CPI dos atos antidemocráticos", falou ele à revista Veja. "Existem, sem dúvida, aprimoramentos a ser feitos e eles já são estudados e estão sendo implementados."

Moretti foi demitido da Abin nesta semana após operação da PF. A investigação apontou ligação entre ele e a chamada "Abin paralela" —um esquema de monitoramento ilegal na agência durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ele negou ligações políticas." Não sou filiado a partido político e ocupei cargos de confiança na PF e outros órgãos em todos os governos, desde FHC. Costumo sempre dizer e reafirmo: não sirvo a esse ou àquele governo; sirvo às instituições, ao Estado e à sociedade", declarou.

Moretti foi apontado por integrantes do governo Lula como bolsonarista. Na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, ele foi braço direito de Anderson Torres —que foi preso sob acusação de omissão nos atos golpistas de 8 de janeiro. Fora da Abin, Moretti volta a exercer o cargo de delegado da Polícia Federal, posição que ocupava antes de ir para a agência.

Moretti só permaneceu na cúpula da Abin por ter relação de confiança com o diretor-geral da agência, Luiz Fernando Corrêa, indicado por Lula. Governistas defendem uma mudança total na Abin após as investigações que miram a conduta da agência.

Delegado defendeu cortes, mas disse que acusações não podem ser generalizadas. "A Abin também deve fazer o trabalho permanente de cortar na carne e retirar maus servidores de lá, caso as apurações confirmem os desvios de conduta. Isso é muito diferente de generalizar acusações a determinados setores ou mesmo à instituição como um todo",

O que foi a operação sobre 'Abin paralela'

A PF cumpriu mandados de busca e apreensão na segunda-feira (29) contra pessoas do núcleo político que receberam informações da "Abin paralela". Segundo as investigações, a Abin foi usada durante o governo Bolsonaro para espionar adversários políticos.

Um dos alvos da operação foi o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do ex-presidente. A busca e apreensão foi autorizada na residência de Carlos e no seu gabinete na Câmara Municipal do Rio.

A PF também fez buscas numa casa em Angra dos Reis (RJ). Os irmãos Carlos, Flávio e Eduardo e o ex-presidente Jair Bolsonaro estavam no local.

Segundo as investigações da PF, Carlos Bolsonaro recebia informações sobre inquéritos em andamento, inclusive da PF. Os agentes também investigam se a Abin produzia dossiês para atender aos interesses de Carlos, que teve o celular apreendido.

Com Lucas Borges Teixeira, do UOL em Brasília

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