'Havia organização criminosa no Planalto', diz ministro sobre Abin paralela

O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) afirmou que "existia uma organização criminosa no Palácio do Planalto" durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Ele disse que "envolveu várias instituições", ao comentar a operação que mirou o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) hoje.

O que aconteceu

Nesta manhã, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão contra pessoas do núcleo político de Bolsonaro que receberam informações da chamada "Abin paralela". Segundo as investigações, a agência de inteligência foi usada para monitorar adversários políticos.

Padilha ligou as investigações aos atentados golpistas de 8 de janeiro e afirmou que as investigações "não estão restritas à Abin", em fala após reunião no Ministério da Fazenda. Ele foi o primeiro ministro de Lula (PT) a comentar a operação.

Existia uma organização criminosa a partir do Palácio do Planalto do governo anterior, que envolveu várias instituições. O clima e o ódio semeados durante quatro anos pelo governo anterior envolveram e contaminaram várias instituições. A apuração sobre o envolvimento individual em todas as instituições tem de continuar.
Alexandre Padilha, sobre operações da PF

A PF investiga se aliados de Bolsonaro na Abin usaram, de forma indevida, outras ferramentas de espionagem, incluindo o First Mile. O software permite o monitoramento de geolocalização de celulares em tempo real. Segundo a PF, o então diretor da agência, Alexandre Ramagem, teria utilizado sua posição para "incentivar e encobrir" o uso de um programa espião.

Os processos de apuração não se restringem à Abin", afirmou Padilha. "Envolvem todos os órgãos, sejam civis ou militares, desde o ano passado, já vem sendo desenvolvido de forma autônoma pela PF a partir das orientações do Judiciário. Nós não descansaremos até que os envolvidos com 8 de janeiro e os preparatórios sejam devidamente apurados e punidos."

Como foi a operação

A PF achou três notebooks e dez celulares com ex-assessor da Abin. Esses itens foram apreendidos na casa de Giancarlo Gomes Rodrigues, em Salvador.

A Abin disse que abriu investigação "imediatamente". A agência não especificou a quais aparelhos se referia ou com quem eles estavam.

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Buscas foram feitas na casa e no gabinete do vereador. Imagens da GloboNews mostraram pelo menos três viaturas da PF na residência do vereador. O condomínio, na Barra da Tijuca, é o mesmo onde o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem uma casa. Ele mora em Brasília atualmente.

Assessores do vereador também foram alvos da operação. Ao todo, foram cumpridos um mandado em Angra dos Reis, cinco no Rio de Janeiro, um em Brasília, um em Formosa (GO) e outro em Salvador.

A Abin teria sido instrumentalizada para monitoramento da promotora de Justiça responsável pelo caso da vereadora Marielle Franco. Em decisão que autorizou buscas contra Ramagem, o ministro Alexandre de Moraes classificou a atitude do ex-diretor da Abin como de "natureza gravíssima".

O First Mile é um programa adquirido pela Abin que permite ao usuário rastrear dados de geolocalização de qualquer pessoa. A ferramenta permite o rastreio de até 10 mil pessoas por ano.

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