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Fibe: Só faltou Valdemar dizer que Tabata até é bonitinha, mas não presta

Valdemar da Costa Neto só faltou dizer que a deputada federal e pré-candidata a prefeita de São Paulo Tabata Amaral "até é bonitinha, mas não presta para o cargo". A afirmação é da colunista do UOL Cris Fibe durante o UOL News desta quinta (1).

O mandatário do PL disse em entrevista à GloboNews que Tabata não tem experiência para se candidatar à Prefeitura de São Paulo, e que não poderia usar como argumento ser namorada de João Campos (PSB-PE). Após repercussão negativa, ele disse que a fala "ficou parecendo machista".

Tantas camadas. Primeiro sempre essa desculpa de 'ah, não devia ter falado, pareceu machista'. Não pareceu machista, foi um ataque misógino direcionado diretamente a ela e não pareceu machista, foi absolutamente machista. Qual é a estratégia? Já que ele não entendeu e de repente ele nos escuta. Cris Fibe, colunista do UOL

É desqualificar a mulher pelo simples fato dela ser mulher, jogando esses esteios velhos do 'ah, porque tem namorado'. Só faltou falar que ela até que é bonitinha. Fiquei esperando a hora que ele ia falar: 'ela é bonitinha, mas não presta para o cargo'. Cris Fibe, colunista do UOL

Cris Fibe diz que essa atitude de Valdemar da Costa Neto é uma estratégia que também se configura em violência política de gênero.

Essa estratégia — que é uma violência política de gênero —, é você não querer permitir que as mulheres sejam alcançadas e colocadas nos cargos de poder. E, para manter o seu poder, de homem branco como ele, é manter o seu status e lugar de poder sem ser combatido por mulheres. Cris Fibe, colunista do UOL

Tem pesquisas mostrando que esse movimento está polarizando as mulheres e os homens. [Saiu matéria] No Financial Times que as mulheres estão ficando mais progressistas e os homens mais conservadores, que é uma reação direta a perda bem lenta de poder deles enquanto as mulheres avançam nas pautas progressistas e na defesa dos próprios direitos. Nos direitos das mulheres e nos direitos humanos. Cris Fibe, colunista do UOL

A colunista traz exemplos do cotidiano em que as pessoas podem tender mais a confiar em profissionais homens do que em mulheres, em reprodução do machismo estrutural da sociedade.

Há uma estratégia que é uma manutenção da confiabilidade. Sempre penso nisso até na minha vida, porque somos todas e todos criados nessa sociedade machista, que a gente chama de estrutural. Temos uma tendência a confiar até mais nos profissionais homens. Faz esse teste: se for ao médico e vai fazer uma cirurgia delicada, se o médico for homem você confia mais do que se for uma mulher? Se for uma mulher você vai confiar igualmente ou vai escolher um profissional homem? Cris Fibe, colunista do UOL

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Para ser seu advogado criminalista ou cirurgião. Ou quando você vê alguém dirigindo mal e a primeira reação é você dizer 'é uma mulher'. Ele está usando dessa estratégia que é apontar para ela como uma menininha desqualificada, sem experiência e, portanto, ela não estaria apta para exercer um cargo como o da prefeitura de São Paulo. Sendo que o candidato que ele apoia, o Ricardo Nunes (MDB), [é] que está demonstrando a sua incompetência. Sou paulistana e realmente a cidade está muito mal administrada. Cris Fibe, colunista do UOL

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