PF adia depoimento de general Heleno sobre 'Abin paralela'
A Polícia Federal adiou o depoimento do general Augusto Heleno em que o ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) iria falar sobre a chamada "Abin paralela".
O que aconteceu
O general Heleno pediu o adiamento e também acesso ao material da investigação, explicou a assessoria de imprensa da PF. Procurado, o ex-ministro não respondeu o contato feito pela reportagem.
Não há previsão de nova data para ouvir o ex-ministro. Este é o segundo depoimento adiado na investigação. O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que foi chefe na Abin, também não compareceu ainda porque não teve acesso aos autos.
A Abin se reportava à época ao GSI, o que explica o interesse em convocar o general Heleno. Ele ocupou o posto de ministro durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Durante o governo Lula, a agência passou a ficar sob comando da Casa Civil.
Os investigadores querem saber a extensão do suposto esquema de espionagem praticado pela "Abin paralela". Também há questionamento se Heleno estava a par das atividades do grupo, supostamente coordenado por Ramagem.
O governo Bolsonaro seguia uma espécie de hierarquia militar e é considerado pouco provável que Ramagem mantivesse o esquema sem o conhecimento de seu superior. Os investigadores também querem saber quem seria o destinatário das informações coletadas.
O general também pode ajudar a esclarecer se o material produzido pelo grupo chegou às mãos de Bolsonaro ou de algum familiar do ex-presidente. Na semana passada, seu filho Carlos foi alvo da PF justamente no âmbito dessa investigação.
Existe a suspeita de que ele teria recebido ilegalmente informações da Abin. Heleno também deve ser questionado, portanto, sobre a relação entre o ex-diretor da agência e o vereador do Rio de Janeiro.
Gustavo Bebianno, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro, disse que Heleno tinha sido convidado a participar de um plano para criar uma "Abin paralela". As declarações ocorreram durante entrevista dada em março de 2020 ao programa Roda Viva, da TV Cultura,
No depoimento, os investigadores devem questionar Heleno sobre a afirmação de Bebianno, que morreu de infarto algumas semanas após a entrevista. Na época, o UOL registrou que Bebianno não quis tratar do assunto na TV.