Conteúdo publicado há 3 meses

General Heleno é convocado para depor na PF sobre 'Abin paralela'

O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional do governo Bolsonaro, foi convocado para depor na Polícia Federal sobre as suspeitas da existência de uma "Abin paralela" nos últimos anos.

O que aconteceu

Heleno irá depor na condição de investigado. O depoimento acontecerá no dia 6 de fevereiro, na sede da Polícia Federal em Brasília.

Ex-ministro disse que não faria comentários sobre sua convocação.

A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) era subordinada ao general Heleno durante o governo Bolsonaro. O presidente Lula (PT) transferiu a estrutura da Agência do GSI para a Casa Civil no ano passado.

A PF investiga se aliados de Bolsonaro na Abin usaram, de forma indevida, ferramentas de espionagem como o First Mile. O software permite o monitoramento de geolocalização de celulares em tempo real. Segundo a PF, o então diretor da agência, Alexandre Ramagem, teria utilizado sua posição para "incentivar e encobrir" o uso de outro programa espião.

Suspeita de Abin paralela levou PF a casa de Bolsonaro

A PF fez buscas em uma casa em Angra dos Reis (RJ) onde estavam Carlos, os irmãos Eduardo e Flávio e Jair Bolsonaro na segunda-feira (29). Também houve busca e apreensão na casa de Carlos, na Barra da Tijuca, e no seu gabinete na Câmara Municipal do Rio.

Segundo as investigações da PF, Carlos Bolsonaro recebia informações sobre inquéritos em andamento, inclusive da PF. Os agentes também investigam se a Abin produzia dossiês para atender aos interesses de Carlos.

Os investigadores suspeitam de que Ramagem utilizou da estrutura da Abin para tentar fazer provas em defesa de Flávio e Jair Renan Bolsonaro. Também há suspeitas de espionagem de adversários políticos do ex-mandatário, como a ex-deputada federal Joice Hasselmann e Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara.

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Família Bolsonaro disse não ter realizado atos de espionagem. O ex-presidente disse que a Abin paralela "jamais existiu" e elogiou Alexandre Ramagem durante uma live feita com seus filhos no domingo (28).

O First Mile é um programa adquirido pela Abin que permite ao usuário rastrear dados de geolocalização de qualquer pessoa. A ferramenta permite o rastreio de até 10 mil pessoas por ano.

A Abin teria sido instrumentalizada para monitoramento da promotora de Justiça responsável pelo caso da vereadora Marielle Franco. Em decisão que autorizou buscas contra Ramagem, o ministro Alexandre de Moraes classificou a postura do ex-diretor da Abin como de "natureza gravíssima".

Ramagem também teria buscado informações sobre políticos do Rio. "A representação minudencia à descoberta de impressão, pelo Dr. Ramagem, em fevereiro de 2020, de informações de inquéritos eleitorais em curso na Polícia Federal que listaram políticos do Rio de Janeiro", afirmou a PGR (Procuradoria-Geral da República) no parecer feito sobre o caso.

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