'Vamos apurar', diz Nunes sobre ofício de bolsonaristas contra Vai-Vai
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse que o município irá apurar o ofício enviado por dois deputados bolsonaristas pedindo punição à escola de samba Vai-Vai.
O que aconteceu
Nunes afirmou ao UOL que "toda representação de parlamentar é analisada" e que os "órgãos competentes" da prefeitura irão investigar o assunto. Os deputados Capitão Augusto (PL) e Dani Alonso (PL) enviaram um ofício pedindo para que as administrações municipal e estadual paulista não repassem nenhuma verba pública para a agremiação no ano que vem.
Os parlamentares criticam uma das alas do desfile deste ano da escola. Nela, havia pessoas fantasiadas de policiais do batalhão de choque da polícia paulista como demônios (leia mais abaixo).
"Vamos falar com a Liga, escutar o contraditório. Enfim, tratar com seriedade e cautela", afirmou o prefeito. Já o governo do estado disse ao UOL que não faz repasses às escolas de samba de São Paulo. A Liga Independente das Escolas de Samba também foi procurada, mas ainda não retornou.
Além dos deputados, o sindicato dos delegados de São Paulo divulgou nota de repúdio contra o desfile da Vai-Vai. Segundo o grupo, a ala "tratou com escárnio a figura de agentes da lei".
O presidente da Vai-Vai, Clarício Gonçalves, disse que em momento algum a escola quis afetar a imagem da PM. "Tudo o que foi feito foi baseado em livros. Se eu relato um enredo e não consta um determinado item nele, levamos o famoso 9.9 ou 9.8", afirmou o presidente em entrevista ao UOL News.
Tal medida não apenas servirá de punição apropriada, mas também como um claro sinal de que ofensas contra as instituições e profissionais de segurança não serão toleradas em nosso estado.
Trecho de ofício enviado pelos parlamentares
A Vai-Vai vem imbuída de fortalecer a nossa cultura. Não tem como contar uma história sem relatar o que se passou em sua vida. Essa ala é sobre o livro de 1997 dos Racionais. Como uma escola do povo vai ficar contra um órgão que faz a nossa segurança em nosso ensaio? Simplesmente relatamos a história que está nos livros.
Clarício Gonçalves, presidente da Vai-Vai
Como foi o desfile da Vai-Vai
Com o enredo "Capítulo 4. Versículo 3 - Da Rua e do Povo, o Hip-Hop: Um Manifesto Paulistano", a escola fez um manifesto contra o preconceito. A ala criticada pelos deputados recebeu o nome "Sobrevivendo ao Inferno", em referência ao álbum do grupo de rap Racionais MC's, que retrata a violência policial.
Na avenida, Mano Brown marcou presença, além dos rappers Dexter e Rappin Hood. Uma das alegorias também teve a presença da cantora Glória Groove, do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e do deputado federal e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL).
A escola exaltou ainda os 40 anos da cultura hip-hop no Brasil. Em uma das alas, apresentou reproduções pichadas de uma estátua do bandeirante Borba Gato. A agremiação voltou ao Grupo Especial este ano.
*Com informações da Agência Estado
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