Deputado do PL pede que Lula seja considerado 'persona non grata' em SP
Do UOL, em São Paulo
23/02/2024 23h00Atualizada em 24/02/2024 06h21
O deputado estadual bolsonarista Lucas Bove (PL-SP) apresentou uma solicitação à Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) para considerar o presidente Lula (PT) "persona non grata" no estado.
O que aconteceu
Pedido cita comparação feita pelo presidente. No último domingo (18), o chefe do Executivo comparou as mortes causadas por Israel na Faixa de Gaza com o Holocausto. Nesta sexta-feira (23), Lula voltou a classificar como "genocídio" as ações militares israelenses em Gaza.
Parlamentar relembra que Israel já classificou Lula como persona non grata. O termo em latim significa que a pessoa é indesejada e se refere à prática de um Estado proibir um diplomata (no caso de Lula, um chefe de Estado) de entrar no país em viagem oficial. O chanceler Israel Katz enviou a mensagem de que Lula não é bem-vindo no país até que retire o que disse.
Deputado também pede que Alesp manifeste moção de repúdio ao presidente pela comparação. Ele argumenta que a fala de Lula é grave e "desrespeitou todo o povo judeu e a sua história". Os pedidos do parlamentar foram divulgados no Diário Oficial do estado nesta sexta-feira.
A reportagem tenta contato com a Secom (Secretaria de Comunicação Social) para saber se o presidente Lula deseja se manifestar sobre a solicitação do parlamentar. O texto será atualizado tão logo haja manifestação.
Fala sobre Holocausto
Lula deu declaração sobre Israel após comentar outra fala anunciando doações para a agência de refugiados palestinos da ONU. A primeira declaração, sobre as doações, também gerou polêmica e fez com que o partido Novo abrisse uma queixa-crime contra o presidente na PGR (Procuradoria-Geral da República). As falas do atual chefe do Executivo ocorreram na Etiópia no último domingo (18).
O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler decidiu matar os judeus.
Presidente Lula em declaração na Etiópia
Oposição quer impeachment de Lula
Parlamentares oposicionistas ao governo coletam assinaturas contra o presidente. Para os deputados, declaração polêmica foi crime de responsabilidade. O grupo classificou a fala como "ato de hostilidade contra nação estrangeira, expondo a República ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade".
Governo de Israel repudiou a fala e declarou presidente brasileiro "persona non grata". Segundo o governo israelense, esse status será mantido até que Lula peça desculpas.
Lula não deve se desculpar por fala
Internamente, o Planalto avalia que a fala de Lula não estava errada, mas que o discurso pode, sim, ser confundido com um ataque ao povo judeu. O Planalto insiste que as críticas aos ataques israelenses devem continuar: o plano, agora, é deixar a separação dos posicionamentos entre as ações do Estado e a sua população mais clara.