Me Too questiona uso de canais oficiais por Almeida: 'Quer desviar foco'
A ONG Me Too questionou o uso de canais oficiais do Ministério dos Direitos Humanos pelo ministro Silvio Almeida para se defender das acusações de assédio sexual e até responder à organização.
O que aconteceu
O ministro é alvo de acusações de assédio sexual, incluindo uma suposta denúncia por importunação sexual pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Em nota, a Me Too Brasil tornou pública as acusações, feitas de forma anônima, após reportagem do Metrópoles de ontem (5).
Almeida tem usado os canais do ministério para negar as acusações. Em nota publicada nas redes sociais da pasta, ele já havia divulgado que pediria investigação do caso. "Encaminharei ofícios para Controladoria-Geral da União, ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e Procuradoria-Geral da República para que façam uma apuração cuidadosa do caso", escreveu.
"É inadmissível que os canais oficiais de comunicação pública sejam utilizados para a defesa pessoal de qualquer autoridade", disse a ONG, em nota divulgada nesta tarde. "A nota publicada pelo Ministério desvia o foco da grave denúncia veiculada pela mídia: que o Me Too Brasil recebeu relatos de vítimas de assédio sexual praticado por autoridade de alto escalão do governo federal."
A Me Too também fez uma réplica à resposta de Almeida. "Esse tipo de reação é comumente adotada por acusados de assédio, que recorrem a campanhas de desmoralização das vítimas, buscando desqualificá-las, na tentativa de desviar o foco e atacar o mensageiro", afirma o texto.
O presidente Lula (PT) indicou que Almeida não deverá ficar. "Eu não posso permitir que tenha assédio. Nós vamos ter que apurar corretamente, mas acho que não é possível a continuidade [de Almeida] no governo", afirmou, em entrevista à Rádio Difusora, de Goiânia, nesta manhã.
O destino do ministro será decidido nesta tarde, quando o presidente chegar a Brasília. Primeiro, Lula se reúne com o CGU (Controlador-Geral da União), Vinicius Carvalho, com o AGU (advogado-geral da União), Jorge Messias, e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. O presidente disse que também vai chamar duas ministras para tratar do tema. Depois, irá falar com Anielle e Almeida.
Anielle ainda não se manifestou sobre o caso. Por meio de nota, o Ministério das Mulheres pediu que as denúncias sejam investigadas com "devido crédito à palavra das vítimas".
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