Secom de Bolsonaro foi a que mais fez repasses ao X desde 2015
O governo federal gastou R$ 26,3 milhões com campanhas publicitárias no Twitter (hoje X), desde 2015. Quase metade deste valor foi pago nos quatro anos da gestão de Jair Bolsonaro (PL).
O que aconteceu
Sob Bolsonaro, a Secom (Secretaria de Comunicação Social) gastou 47% desse total. Esses dados da série histórica foram informados ao STF (Supremo Tribunal Federal) pela secretaria. Valores dizem respeito aos repasses feitos após a realização de campanhas publicitárias na rede social, que foi suspensa no último dia 30 por decisão do ministro Alexandre de Moraes. A ordem foi chancelada por unanimidade por outros quatro ministros da 1ª Turma do STF.
Valores são pagos por meio das agências publicitárias que possuem contrato com o governo federal. Elas elaboram as peças de propaganda e pagam para as redes sociais onde serão veiculadas. Não houve justificativa sobre o período informado pela Secom.
Maior repasse anual aconteceu em 2022. Somente naquele ano eleitoral, foram gastos R$ 5,7 milhões com a rede social, segundo os dados da Secom. Na sequência, vem 2018, quando foram gastos R$ 5,2 milhões. Musk comprou a plataforma em transação encerrada em outubro de 2022.
Números refletem histórico do uso da rede social pelo governo. Rede vinha ganhando espaço nas estratégias de comunicação do governo federal na medida em que o Brasil se tornou um dos maiores mercados do Twitter/X. Em 2021, o país virou o quarto maior mercado da rede social no mundo, com mais de 22 milhões de usuários.
Ministro do STF solicitou ao governo federal informações sobre repasses às empresas de Elon Musk. Dos órgãos do governo federal, apenas a Secom detalhou os gastos até o momento. Ordem de Moraes foi feita no âmbito do processo no qual foi determinada a suspensão do X no Brasil e o pagamento de multa diária à empresa pelo descumprimento de medidas judiciais.
Moraes solicitou as informações após ser encontrado somente R$ 2 milhões nas contas do X no Brasil. Ministro considerou "inverossímil" que as empresas de Musk não tivessem outros recursos para pagar a multa imposta pelo STF, que já supera R$ 18 milhões, e determinou, entre outras coisas, que a AGU (Advocacia-Geral da União) informasse em 48 horas sobre todos os repasses da União às empresas X e Starlink.
Sem repasses, dizem outros ministérios. Ministérios da Defesa, das Comunicações, Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), Ebserh (que administra hospitais federais universitários) e MEC (Ministério da Educação) informaram não possuir contratos com o X ou a Starlink nem terem feito repasses a essas empresas. Apenas o MEC fez a ressalva de que governos estaduais e municipais poderiam contratar as empresas com recursos federais repassados por meio do Programa de Inovação Educação Conectada e que seria necessário checar com estes governos a eventual contratação.
Empresa não responde. A reportagem entrou em contato com o escritório que representa a Starlink no Brasil, mas foi informado que eles não estão comentando sobre o assunto. Também foi enviado um e-mail para assessoria de imprensa da Starlink nos Estados Unidos, mas a reportagem não obteve resposta até o fechamento deste texto.
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