O que quer dizer escala 6x1? Entenda discussão nas redes e Congresso
O texto da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que propõe o fim da jornada de trabalho 6 x 1 criou um debate nas redes sociais e no Congresso nos últimos dias.
Na manhã desta quarta-feira (13), a proposta que permite o início da discussão formal do texto somava o apoio de 194 deputados federais, segundo a deputada Erika Hilton (PSOL-SP), parlamentar responsável por recolher as assinaturas. A PEC precisa, no mínimo, de 171 assinaturas dos 513 deputados para ser protocolada na Câmara.
O que diz o texto
PEC reduz de 44h para 36h por semana o limite máximo de horas semanais trabalhadas. Segundo Erika Hilton (PSOL-SP), o formato atual não permite ao trabalhador "estudar, de se aperfeiçoar, de se qualificar profissionalmente para mudar de carreira".
Número máximo de dias trabalhados por semana passaria a ser quatro. Hoje, a regra prevê que ninguém pode trabalhar mais que 8h por dia e 44h por semana — mas não proíbe que alguém trabalhe seis dias por semana, desde que não ultrapasse os limites previstos.
Pela proposta, salários não mudam. "A definição de valor salarial visa proteger o trabalhador de qualquer tentativa de redução indireta de remuneração", diz o texto.
Jornada de seis dias de trabalho e um de descanso ultrapassa o razoável, segundo a PEC. Qualidade de vida, saúde, bem-estar e relações familiares são alguns dos pontos citados pelo texto como prejudicados pelo formato atual.
A esquerda foi responsável por 61% das assinaturas. Um total de 119 dos 194 votos saíram de partidos desse espectro político; a direita entregou 32 votos, incluindo um do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Veja como votou cada partido de acordo com a orientação política.
Veja a lista completa
- Afonso Motta (PDT-RS)
- Airton Faleiro (PT-PA)
- Alencar Santana (PT-SP)
- Alexandre Lindenmeyer (PT-RS)
- Alfredinho (PT-SP)
- Alice Portugal (PCdoB-BA)
- Amanda Gentil (PP-MA)
- Amom Mandel (Cidadania-AM)
- Ana Paula Lima (PT-SC)
- Ana Pimentel (PT-MG)
- André Figueiredo (PDT-CE)
- André Janones (Avante-MG)
- Andreia Siqueira (MDB-PA)
- Antônia Lúcia (Republicanos-AC)
- Arlindo Chinaglia (PT-SP)
- Átila Lins (PSD-AM)
- Augusto Puppio (MDB-AP)
- Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ)
- Bacelar (PV-BA)
- Bandeira de Mello (PSB-RJ)
- Benedita da Silva (PT-RJ)
- Bohn Gass (PT-RS)
- Bruno Farias (Avante-MG)
- Camila Jara (PT-MS)
- Carlos Henrique Gaguim (União Brasil-TO)
- Carlos Veras (PT-PE)
- Carlos Zarattini (PT-SP)
- Carol Dartora (PT-PR)
- Célia Xakriabá (PSOL-MG)
- Célio Studart (PSD-CE)
- Charles Fernandes (PSD-BA)
- Chico Alencar (PSOL-RJ)
- Cleber Verde (MDB-MA)
- Clodoaldo Magalhães (PV-PE)
- Coronel Ulysses (União Brasil-AC)
- Dagoberto Nogueira (PSDB-MS)
- Daiana Santos (PCdoB-RS)
- Damião Feliciano (União Brasil-PB)
- Dandara (PT-MG)
- Daniel Almeida (PCdoB-BA)
- Daniel Barbosa (PP-AL)
- Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ)
- Dayany Bittencourt (União Brasil-CE)
- Delegada Adriana Accorsi (PT-GO)
- Delegada Katarina (PSD-SE)
- Delegado Bruno Lima (PP-SP)
- Denise Pessôa (PT-RS)
- Dilvanda Faro (PT-PA)
- Dimas Gadelha (PT-RJ)
- Domingos Neto (PSD-CE)
- Dorinaldo Malafaia (PDT-AP)
- Douglas Viegas (União Brasil-SP)
- Dr. Francisco (PT-PI)
- Dr. Zacharias Calil (União Brasil-GO)
- Dra. Alessandra Haber (MDB-PA)
- Duarte Jr. (PSB-MA)
- Duda Ramos (MDB-RR)
- Duda Salabert (PDT-MG)
- Eduardo Bismarck (PDT-CE)
- Eduardo Velloso (União Brasil-AC)
- Elcione Barbalho (MDB-PA)
- Elisangela Araujo (PT-BA)
- Emanuel Pinheiro Neto (MDB-MT)
- Eriberto Medeiros (PSB-PE)
- Erika Hilton (PSOL-SP) (autora)
- Erika Kokay (PT-DF)
- Euclydes Pettersen (Republicanos-MG)
- Fausto Pinato (PP-SP)
- Fausto Santos Jr. (União Brasil-AM)
- Felipe Carreras (PSB-PE)
- Fernanda Melchionna (PSOL-RS)
- Fernanda Pessoa (União Brasil-CE)
- Fernando Mineiro (PT-RN)
- Fernando Rodolfo (PL-PE)
- Flávio Nogueira (PT-PI)
- Florentino Neto (PT-PI)
- Geraldo Resende (PSDB-MS)
- Gerlen Diniz (PP-AC)
- Gervásio Maia (PSB-PB)
- Gisela Simona (União Brasil-MT)
- Glauber Braga (PSOL-RJ)
- Gleisi Hoffmann (PT-PR)
- Guilherme Boulos (PSOL-SP)
- Guilherme Uchoa (PSB-PE)
- Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE)
- Heitor Schuch (PSB-RS)
- Helder Salomão (PT-ES)
- Henderson Pinto (MDB-PA)
- Hugo Leal (PSD-RJ)
- Idilvan Alencar (PDT-CE)
- Ivan Valente (PSOL-SP)
- Ivoneide Caetano (PT-BA)
- Iza Arruda (MDB-PE)
- Jack Rocha (PT-ES)
- Jandira Feghali (PCdoB-RJ)
- Jilmar Tatto (PT-SP)
- João Daniel (PT-SE)
- Jonas Donizette (PSB-SP)
- Jorge Solla (PT-BA)
- José Airton Félix Cirilo (PT-CE)
- José Guimarães (PT-CE)
- Joseildo Ramos (PT-BA)
- Josenildo (PDT-AP)
- Josias Gomes (PT-BA)
- Juliana Cardoso (PT-SP)
- Juninho do Pneu (União Brasil-RJ)
- Júnior Ferrari (PSD-PA)
- Keniston Braga (MDB-PA)
- Kiko Celeguim (PT-SP)
- Laura Carneiro (PSD-RJ)
- Leo Prates (PDT-BA)
- Leonardo Monteiro (PT-MG)
- Lídice da Mata (PSB-BA)
- Lindbergh Farias (PT-RJ)
- Lucas Ramos (PSB-PE)
- Luciano Amaral (PV-AL)
- Luciano Ducci (PSB-PR)
- Luciano Vieira (Republicanos-RJ)
- Luiz Couto (PT-PB)
- Luiza Erundina (PSOL-SP)
- Luizianne Lins (PT-CE)
- Marcelo Crivella (Republicanos-RJ)
- Márcio Jerry (PCdoB-MA)
- Marcon (PT-RS)
- Marcos Tavares (PDT-RJ)
- Maria Arraes (Solidariedade-PE)
- Maria do Rosário (PT-RS)
- Marx Beltrão (PP-AL)
- Mauro Benevides Filho (PDT-CE)
- Max Lemos (PDT-RJ)
- Meire Serafim (União Brasil-AC)
- Merlong Solano (PT-PI)
- Miguel Ângelo (PT-MG)
- Moses Rodrigues (União Brasil-CE)
- Murillo Gouvea (União Brasil-RJ)
- Natália Bonavides (PT-RN)
- Nilto Tatto (PT-SP)
- Nitinho (PSD-SE)
- Odair Cunha (PT-MG)
- Orlando Silva (PCdoB-SP)
- Padre João (PT-MG)
- Pastor Diniz (União Brasil-RR)
- Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ)
- Pastor Sargento Isidório (Avante-BA)
- Patrus Ananias (PT-MG)
- Paulão (PT-AL)
- Paulo Azi (União Brasil-BA)
- Paulo Guedes (PT-MG)
- Pedro Aihara (PRD-MG)
- Pedro Campos (PSB-PE)
- Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA)
- Pedro Uczai (PT-SC)
- Pompeo de Mattos (PDT-RS)
- Prof. Reginaldo Veras (PV-DF)
- Professora Goreth (PDT-AP)
- Professora Luciene Cavalcante (PSOL-SP)
- Rafael Brito (MDB-AL)
- Raimundo Costa (Podemos-BA)
- Raimundo Santos (PSD-PA)
- Reginaldo Lopes (PT-MG)
- Reginete Bispo (PT-RS)
- Reimont (PT-RJ)
- Renan Ferreirinha (PSD-RJ)
- Renilce Nicodemos (MDB-PA)
- Renildo Calheiros (PCdoB-PE)
- Ricardo Ayres (Republicanos-TO)
- Ricardo Maia (MDB-BA)
- Roberto Duarte (Republicanos-AC)
- Rogério Correia (PT-MG)
- Rubens Otoni (PT-GO)
- Rubens Pereira Júnior (PT-MA)
- Rui Falcão (PT-SP)
- Ruy Carneiro (Podemos-PB)
- Sâmia Bomfim (PSOL-SP)
- Saullo Vianna (União Brasil-AM)
- Sidney Leite (PSD-AM)
- Socorro Neri (PP-AC)
- Stefano Aguiar (PSD-MG)
- Tabata Amaral (PSB-SP)
- Tadeu Veneri (PT-PR)
- Talíria Petrone (PSOL-RJ)
- Tarcísio Motta (PSOL-RJ)
- Thiago de Joaldo (PP-SE)
- Túlio Gadêlha (Rede-PE)
- Valmir Assunção (PT-BA)
- Vander Loubet (PT-MS)
- Vicentinho (PT-SP)
- Waldenor Pereira (PT-BA)
- Washington Quaquá (PT-RJ)
- Weliton Prado (Solidariedade-MG)
- Welter (PT-PR)
- Yandra Moura (União Brasil-SE)
- Zeca Dirceu (PT-PR)
- Zezinho Barbary (PP-AC)
Congresso engavetou ao menos 9 PECs parecidas
Câmara tem três propostas semelhantes arquivadas. Entre os textos arquivados, dois empacaram na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e foram arquivados em 2003 e 2007, mesmo com pareceres favoráveis dos relatores Sigmaringa Seixas (PT-DF) e José Genoíno (PT-SP).
O primeiro texto propunha reduzir a jornada de trabalho semanal no país para 35 horas semanais. A segunda citava a implantação de uma "redução gradual". A terceira PEC, proposta em 2001 por Jonival Lucas Junior (MDB-BA), foi arquivada sem nem ser distribuída para ter relatoria.
Duas outras PECs estão com tramitação parada na Casa. Uma delas, relatada pelo deputado Vicentinho (PT-SP), chegou a ser aprovada em comissão especial em 2009, mas nunca foi pautada — antes de chegar ao plenário da Câmara, PECs precisam ter o aval da CCJ e depois passarem pela análise dessa comissão especial.
A outra foi apresentada em 2019 pelo deputado Reginaldo Lopes (PT-MG). Ela aguarda ser distribuída para um novo relator na CCJ após a saída de Tarcísio Motta (PSOL-RJ) do órgão colegiado, em fevereiro deste ano. A proposta é para reduzir a jornada de trabalho a 36 horas semanais em 10 anos.
No Senado, PEC mais avançada espera parecer do relator na CCJ. O texto, proposto em 2015, é de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS) e defende que o trabalho normal não pode ser superior a oito horas diárias e 36 semanais. A proposta está sob relatoria do senador Rogério Carvalho (PT-SE) desde março deste ano e não teve nenhuma outra movimentação desde então.
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Quero receberTrês outras propostas também foram engavetadas por senadores. Uma delas, proposta em 2003 por Paim, teve cinco relatores ao longo de mais de 10 anos e caiu por último nas mãos de Magno Malta (PL-ES) em novembro de 2014. O senador chegou a apresentar relatório favorável à proposta na CCJ, mas ela foi arquivada no mês seguinte devido ao fim da legislatura daquele ano no Senado. As outras duas PECs, de 2015 e 2017, tiveram vida ainda mais curta e foram arquivadas sem ter relatores.
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