Itamaraty comemora cessar-fogo em Gaza e pede paz duradoura

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil publicou uma nota em que comemora o acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas, assinado hoje (15) no Qatar.

O que aconteceu

Governo pediu que Israel e Hamas respeitem acordo para manter paz na região. Na nota, o Itamaraty pede também que todos os reféns sejam libertados e que a ajuda humanitária possa entrar sem impeditivos em Gaza, que, segundo o órgão, enfrentará "urgente processo de reconstrução de sua infraestrutura civil".

Conflito causou "danos incalculáveis para palestinos", avalia Ministério. Governo lembrou que, em 15 meses de conflito, morreram mais de 46 mil palestinos, "com grande proporção de mulheres e crianças", e mais de 1,2 mil israelenses. "O conflito causou ainda o deslocamento forçado de centenas de milhares de pessoas e a destruição da infraestrutura do território palestino, incluindo hospitais e escolas, gerando danos indiretos incalculáveis para gerações atuais e futuras", completaram.

Brasil defende solução de dois Estados. A nota "apela pela retomada imediata do processo de paz entre israelenses e palestinos e reitera seu compromisso com a solução de dois Estados, com um Estado da Palestina independente e viável, vivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro das fronteiras de 1967, que inclui a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital".

Lula: "notícia de cessar-fogo traz esperança". Em publicação no X (antigo Twitter), o presidente pediu que "a interrupção dos conflitos e a libertação dos reféns ajudem a construir uma solução duradoura que traga paz e estabilidade a todo Oriente Médio".

Presidente brasileiro afirmou que Israel praticava genocídio contra palestinos e trocou farpas com Netanyahu. Em 2023, Lula disse que o país cometia genocídio em Gaza. Em 2024, o presidente comparou a atuação de Israel contra os palestinos àquela de Hitler contra os judeus, durante a Segunda Guerra Mundial: "é um Exército amplamente armado atacando uma parte da sociedade indefesa". Os comentários geraram reações do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que os chamou de "vergonhosos e graves" e disse que fazê-los foi "cruzar uma linha vermelha".

Acordo de cessar-fogo foi aprovado no Qatar

Acordo foi negociado no Qatar entre Israel e Hamas. O pacto prevê a troca de reféns e prisioneiros em diferentes etapas, assim como a desocupação gradual da Faixa de Gaza por parte das tropas israelenses.

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Qatar confirmou acordo e apontou que entrará em vigor no domingo (19). O primeiro-ministro do país, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, disse que a primeira fase durará 42 dias. Os detalhes dos procedimentos para a segunda e terceira fases serão finalizados durante a implementação da primeira fase. Ele ressaltou a "necessidade de ambas as partes se comprometerem com a implementação de todas as três fases do acordo" para evitar "derramamento de sangue civil".

Biden disse que americanos serão parte da primeira onda de reféns libertos. O presidente dos Estados Unidos afirmou que o interesse de Israel é achar um fim definitivo para a guerra nas próximas seis semanas, mas que o cessar-fogo irá seguir mesmo se os envolvidos no conflito não chegarem a um meio-termo neste período.

Pacto quebra promessa de aniquilação do Hamas por primeiro-ministro. Netanyahu tinha prometido que a guerra só acabaria quando o movimento extremista tivesse sido exterminado.

Comissária da União Europeia para o Mediterrâneo confirmou acordo. Apesar da postura de Netanyahu, Dubravka Suica indicou que "saúda o acordo de cessar-fogo e o acordo de reféns entre Israel e o Hamas, que trará o alívio tão necessário para as pessoas afetadas pelo conflito devastador". A União Europeia afirma que "continua empenhada em apoiar todos os esforços no sentido de uma paz e recuperação duradouras".

ONU ordenou entrada imediata de ajuda humanitária em Gaza. Além de bombas, os civis foram afetados pela fome e frio.

Israel divulgou fotos de reféns, mas afirmou que 98 continuam em Gaza. No X (antigo Twitter), a conta oficial do governo publicou: "Não os abraçamos há 467 dias". Entre os reféns, estão duas crianças, mulheres, idosos, adolescentes e jovens. O governo israelense acredita que todos os reféns ainda estão vivos, mas não tem a confirmação do Hamas sobre isso.

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Hamas queria mapa da retirada de israelenses. Tel Aviv enviou ao grupo palestino os mapas dos locais que planeja realizar a evacuação das tropas e foi a resposta aceitando o plano que faltava para o pacto ser anunciado. O Hamas queria garantias de retiradas principalmente na região de fronteira entre Gaza e o Egito.

Palestinos e israelenses foram às ruas para comemorar acordo. Veja algumas imagens:

 Palestinos reunidos em Khan Yunis, no sul de Gaza, comemoram cessar-fogo entre Hamas e Israel, que inclui libertação de milhares de prisioneiros palestinos e dezenas de reféns israelenses
Palestinos reunidos em Khan Yunis, no sul de Gaza, comemoram cessar-fogo entre Hamas e Israel, que inclui libertação de milhares de prisioneiros palestinos e dezenas de reféns israelenses Imagem: Ramadan Abed / Reuters
15.jan.2025 - Comemoração na Palestina após acordo de cessar-fogo entre Hamas e Israel
15.jan.2025 - Comemoração na Palestina após acordo de cessar-fogo entre Hamas e Israel Imagem: Ramadan Abed/REUTERS
Defensores da soltura dos reféns israelenses levantaram tochas durante manifestações em Tel Aviv nesta quarta (15)
Defensores da soltura dos reféns israelenses levantaram tochas durante manifestações em Tel Aviv nesta quarta (15) Imagem: Ronen Zvulun / Reuters
Palestinos em comemoração nas ruas de Khan Younis, no sul de Gaza, após anúncio de cessar-fogo entre Hamas e Israel nesta quarta (15)
Palestinos em comemoração nas ruas de Khan Younis, no sul de Gaza, após anúncio de cessar-fogo entre Hamas e Israel nesta quarta (15) Imagem: Hatem Khaled / Reuters
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O que prevê o acordo

Retorno dos reféns. Durante seis semanas, 33 reféns israelenses dos cerca de 98 mantidos em Gaza pelo Hamas serão soltos. A lista vai incluir crianças, mulheres, soldados do sexo feminino, homens com mais de 50 anos, feridos e doentes. Em troca, Israel irá liberar cerca de mil prisioneiros palestinos de suas cadeias. No total, Israel tem 12 mil palestinos detidos.

Retirada das tropas. Israel se comprometeu a começar uma retirada gradual de suas tropas, principalmente na fronteira entre Gaza e o Egito, conhecido como corredor Filadélfia.

Retorno dos palestinos. A população terá permissão para voltar ao norte de Gaza, e a passagem de Rafah entre o Egito e Gaza começará a ser reaberta gradualmente. Isso, porém, valerá apenas para quem estiver desarmado.

Socorro da ONU. O governo de Israel ainda permitirá mais ajuda humanitária desesperadamente necessária em Gaza, com a entrada de 600 caminhões por dia, dez vezes mais do que é autorizado hoje. Na ONU, as agências já trabalham para que o plano seja imediatamente implementado.

Duas semanas depois do início do processo, começam as negociações para uma segunda leva de troca de reféns, incluindo soldados e civis mais jovens. Em troca, haverá uma retirada completa das tropas de Israel de Gaza.

1 comentário

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Remy Soares dos Santos

Agora, nós brasileiros vamos trabalhar para reconstruir a Palestina devastada.  Já vão preparando o bolso.

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