Estagiários do TJ-MT, do 'vale-peru', ameaçam greve por atraso em pagamento

Estagiários do TJ-MT (Tribunal de Justiça do Mato Grosso) estão ameaçando entrar em greve por atraso no pagamento. O órgão está no centro de uma polêmica por ter fornecido um auxílio-alimentação de R$ 10 mil aos magistrados e servidores em dezembro - benefício que ficou conhecido como "vale-peru".

O que aconteceu

Os estagiários alegam atraso no pagamento, pedem melhorias e a troca da empresa gerenciadora de contrato de estágio. "Os estagiários do Poder Judiciário de Mato Grosso publicam indicativo de greve e aguardam posicionamento da presidência do TJ-MT", afirma a mensagem que circula nas redes sociais. O prazo dado pelos estagiários para o problema ser resolvido é 11 de março.

Atrasos são recorrentes e atingiu mais pessoas dessa vez. Ao UOL, uma estagiária, que não quis se identificar, afirmou que os atrasos no pagamento têm acontecido com frequência. "Todo quinto dia útil fica gente sem receber", disse ela.

O tribunal confirmou ao UOL que houve atraso nos pagamentos e se reuniu com a empresa responsável. Segundo o TJ, o atraso ocorreu com os estagiários que ainda não entregaram os atestados de matrícula das instituições de ensino.

Em relação ao pagamento das bolsas dos estagiários, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso informa que se reuniu com representantes da empresa Super Estágios, na manhã dessa terça-feira (11), para cobrar explicações e foi informada de que a suspensão temporária dos pagamentos de fevereiro, referente ao exercício de janeiro, ocorreu apenas em relação a estagiários que ainda não entregaram os atestados de matrícula, obrigatórios para manutenção do Termo de Compromisso de Estágio, documento que é solicitado junto aos estudantes a cada semestre, em cumprimento à Lei do Estágio.
Tribunal de Justiça do Mato Grosso, em nota ao UOL

Alguns estagiários com documentações pendentes receberam em dia, segundo a estudante, o que contradiz o TJ. "Ficamos no escuro, porque eles podiam dar um motivo franco do porque retiveram nosso pagamento", afirmou a estagiária.

Autorização do pagamento já ocorreu, disse órgão. O tribunal informou que autorizou o pagamento dos estudantes e se comprometeu em mobilizar os supervisores de estágio para que reforcem a necessidade da entrega da documentação junto aos estudantes.

Caso "vale-peru"

Na última semana, o TJ-MT foi alvo de questionamento por parte do STF devido ao auxílio-alimentação de R$ 10 mil em dezembro de 2024. O ministro Cristiano Zanin havia dado cinco dias para que o desembargador José Zuquim Nogueira e o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Mauro Campbell Marques, explicassem o pagamento do benefício. Servidores acionaram a Corte para manter o benefício e alegaram boa-fé.

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Valor padrão do auxílio-alimentação é de R$ 2 mil. O benefício de R$ 10 mil em dezembro foi autorizado pela desembargadora Clarice Claudino da Silva, que na época era a presidente do TJ-MT.

Em manifestação enviada ao Supremo, TJ-MT fala em "necessidades nutricionais". O órgão diz que o objetivo da administração sempre foi garantir que o auxílio-alimentação cobrisse, de maneira digna, as despesas alimentares dos servidores e magistrados.

O TJ-MT está entre os tribunais estaduais que mais gastam com juízes e desembargadores. Dados do CNJ, órgão que administra o Poder Judiciário, mostram que, em 2023, cada magistrado de Mato Grosso custou em média R$ 116,6 mil por mês.

6 comentários

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Petrucio Joao da Silva

o vale 10k era para os Brahmins não eram para os Dalits , o judiciário deveria ter medição de desempenho, será que os juizes iriam atingir a meta mensal de produção? fica a dúvida

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Aloysio Carvalho Costa Filho

- Vamos ser sinceros, esse país é sério????

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Evandro Nucci de Oliveira

Estagiários arrogantes, estão se comparando com semi-deuses....

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