Assembleia da PB indica filha do presidente ao TCE com salário de R$ 39 mil
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A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Assembleia Legislativa da Paraíba aprovou por unanimidade, na tarde de hoje, a indicação do nome de bacharel em direito Alanna Galdino, 38, para assumir uma vaga de conselheira do TCE (Tribunal de Contas do Estado). Ela é filha do presidente do legislativo, Adriano Galdino (Republicanos).
O cargo de conselheiro é vitalício. Segundo o portal da transparência do TCE, o salário do cargo —referência de janeiro de 2025— é de R$ 39.717,68 brutos, mais R$ 19.858,84 de "vantagens transitórias", que todos receberam naquele mês. Além disso, há vantagens pessoais em valores individualizados.
O nome de Alanna contou com apoio de 34 dos 36 deputados estaduais, que apresentaram sua candidatura na última sexta-feira. A oposição ao nome dela classificou com "imoral" a indicação (leia mais abaixo).
A vaga que a indicada vai ocupar veio da aposentadoria do Arthur Cunha Lima, que deixou o cargo de conselheiro no final de 2024 —são sete vagas para o cargo ao todo.
A votação (que será secreta) em plenário está marcada para ocorrer nesta terça-feira, mas por mera formalidade, já que ela é candidata única e conta com o apoio de ampla maioria da casa.
Após a aprovação, a Assembleia Legislativa deve promulgar e publicar o Decreto Legislativo com a indicação da conselheira. O documento segue então para o governador João Azevedo (PSB) —que é aliado do presidente da Assembleia— para a nomeação dela ao cargo.

Currículo e críticas
Alanna é formada em direito (sem carteira da OAB) desde 2009 e é universitária cursando o 8º período de medicina na Unifacisa, em Campina Grande (PB). Ela também é funcionária pública estadual na Secretaria de Planejamento e Gestão há 11 anos.
O relator da indicação da filha do presidente foi o deputado Felipe Leitão (PSD), que afirmou em parecer que a indicada cumpre todos os requisitos para o cargo. Todos os demais deputados da comissão seguiram o voto.
Segundo a Lei Complementar 192, de 2024, para ser indicado conselheiro do TCE são necessários quatro requisitos:
- Ter mais de 35 e menos de 70 anos de idade;
- Ter idoneidade moral e reputação ilibada;
- Possui notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública;
- Contar mais de 10 anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.
Um dos dois deputados que não assinou a indicação foi Walber Virgulino (PL), que classificou a indicação como "imoral". "Fere frontalmente alguns princípios constitucionais, sobretudo da moralidade e da impessoalidade", disse ao UOL.
Não tenho nada pessoal contra a indicada ou contra o pai dela, mas não estamos tratando de um cargo comissionado de livre nomeação de livre exoneração; estamos tratando de um cargo importantíssimo para a boa funcionalidade da administração pública, requerendo malícia, coragem, experiência, e não vinculação próxima e afetiva do indicado a oligarquias políticas do estado.
Walber Virgulino
A coluna mandou mensagem para o presidente da Assembleia, Adriano Galdino, para que comentasse sobre a indicação —e as críticas a essa indicação—, mas não obteve retorno até agora. A matéria será atualizada em caso de resposta.
Em publicação nas redes sociais, a mãe da futura conselheira, Eliane Galdino (prefeita de Pocinhos), comentou sobre a indicação e falou que o seu coração "transborda de emoção e orgulho".
Como mãe, é indescritível a felicidade de testemunhar esse momento histórico, sabendo que ela trilhou cada passo com coragem e determinação. Alanna sempre honrou os valores que lhe foram ensinados, e sei que continuará exercendo essa missão com responsabilidade e amor pelo nosso povo. Meu agradecimento especial ao meu esposo, Dep. Adriano Galdino, pelo empenho e por acreditar na capacidade de nossa filha, e a cada um dos 28 deputados que assinaram essa indicação, confiando em seu preparo.
Eliane Galdino
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