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Landim: Nunes Marques gera descontentamento no STF ao adiar caso Zambelli

Do UOL, em São Paulo

24/03/2025 19h08

O ministro Kassio Nunes Marques, do STF (Supremo Tribunal Federal), gerou descontentamento internamente ao suspender o julgamento da deputada Carla Zambelli (PL-SP), acusada de perseguir um homem com arma em punho em São Paulo, apurou a colunista Raquel Landim para o UOL News, do Canal UOL.

Conversando ali dentro do STF, [sabe-se que a decisão de Nunes Marques] causou descontentamento nos bastidores do tribunal. Não foi à toa que o ministro [Cristiano] Zanin, apesar do pedido de vista do Kassio Nunes Marques, antecipou o seu voto. Raquel Landim, colunista do UOL

Em 2022, às vésperas do segundo turno da eleição, Zambelli perseguiu o jornalista Luan Araújo com uma arma empunhada por cerca de cem metros em ruas na região central da capital paulista. O caso foi levado para julgamento no STF.

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O placar era de 4 a 0 para condenar a deputada a 5 anos e 3 meses de prisão por perseguição armada, quando o ministro Nunes Marques, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado de Zambelli, solicitou o pedido de suspensão do julgamento. Mesmo com o julgamento suspenso, no entanto, o ministro Cristiano Zanin adiantou seu voto. Com isso, o placar passou para 5 a 0 pela condenação de Zambelli.

O voto de Nunes Marques provocou descontentamento. Mas a percepção dentro da Corte é a de que ele não teria feito isso se não fosse o julgamento de Jair Bolsonaro, porque a minha sensação, antes do pedido de vista do ministro, era que a Carla Zambelli estava abandonada até pelo bolsonarismo. Jair Bolsonaro deu uma bronca enorme nela, porque atribui a ela e ao Roberto Jefferson a derrota na eleição para Lula em 2022. Raquel Landim, colunista do UOL

Professor: 'denúncia contra Bolsonaro é sólida e coerente'

No UOL News, o jurista Fernando Neisser, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), afirmou que a denúncia contra Bolsonaro, oferecida pela PGR (Procuradoria-Geral da República) ao STF, traz elementos sólidos e coerentes, e o seu julgamento não deve ser adiado.

O que nós temos é uma trama de narrativas muito bem costuradas. As narrativas sobre as reuniões, as datas das reuniões, quem falou o quê. Todas essas conversas se ligam de uma forma muito harmônica e coordenada. Me parece que os elementos que constam da denúncia são coerentes e sólidos o suficiente.
Fernando Neisser

Amanhã, os cinco ministros do STF iniciam o julgamento da denúncia da PGR contra Bolsonaro e os seus aliados por tentativa de golpe. Nessa fase do processo, os magistrados analisam se o ex-presidente e os aliados políticos viram réus.

O caso julgado pelo Supremo é sobre a tentativa de golpe promovida por apoiadores de Bolsonaro, que não aceitavam a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em janeiro de 2023. Na ocasião, os bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. A suspeita é que Bolsonaro e alguns membros próximos a ele conspiraram, organizaram e estimularam a invasão.

Assista à entrevista:

Jurista: 'Fux suspende julgamento de 'pichadora' para baixar tensão'

O pedido de suspensão do julgamento da cabeleireira que pichou a estátua da Justiça durante atos de 8 de Janeiro, solicitado hoje pelo ministro do STF Luiz Fux, é para distensionar o julgamento de bolsonaristas que começa amanhã, avaliou o jurista Davi Tangerino, professor de Direito Penal, no UOL News.

Se eu tivesse que apostar, eu acho que [o pedido de suspensão seria] para dar uma esperança, mas eu acho que seria, sobretudo, para distensionar o máximo possível o julgamento que começa amanhã. Jurista Davi Tangerino, professor de Direito Penal

O ministro Alexandre de Moraes, que é o relator do caso, votou para condenar a cabeleireira Débora Rodrigues Santos, que escreveu "Perdeu, mané" com batom vermelho, a 14 anos de prisão. A ação contra ela é analisada pelo plenário virtual da Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal). O voto de Moraes precisa ser referendado pelos demais ministros. Hoje, o ministro Fux fez o pedido de vista, adiando assim o julgamento da "pichadora".

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