Hoje Carlos Bolsonaro tem mais tempo de mandato como vereador do que tinha de idade quando se elegeu pela primeira vez, aos 17, em 2000. Em sua primeira eleição, disputou contra a própria mãe, Rogéria Nantes, que havia se separado de Jair Bolsonaro e tentava a reeleição.
Em março deste ano, em uma rara entrevista, quando conversou com a jornalista Leda Nagle, Carlos disse que a disputa provocou "um pequeno problema familiar". Mas acrescentou que o episódio foi superado, e hoje a mãe é uma das pessoas mais importantes de sua vida.
Os laços com o pai também se fortaleceram durante o período em que Carlos se dedicou a cuidar da saúde do presidente, após o atentado do ano passado. Em janeiro, ele quebrou o protocolo e desfilou no banco traseiro do Rolls Royce que levou Jair Bolsonaro e sua mulher, Michelle, para a cerimônia de posse. Um mês antes, Bolsonaro chegou a publicar um texto, no aniversário do filho, em que exaltava a sua relação com Carlos.
Discreto na vida pessoal, Carlos Bolsonaro já sinalizou que não deve se candidatar à reeleição para vereador no ano que vem, depois de cinco mandatos. Rumores indicam que ele poderia se lançar ao Senado em 2022 por Santa Catarina, onde vive a sua namorada, Paula Bramont, e para onde ele se mudaria após deixar o cargo no Legislativo municipal do Rio.
O UOL entrou em contato com o gabinete de Carlos Bolsonaro para pedir que ele comentasse os assuntos abordados nesta reportagem, mas não obteve resposta.
Para o cientista político Marco Antonio Carvalho Teixeira, da FGV-SP, as ações de Carlos Bolsonaro criam a imagem de uma figura "incontrolável" e, por conta desse perfil, é difícil tentar prever os seus próximos movimentos.
"Ele é um personagem enigmático", afirma Carvalho Teixeira. "A atuação dele não é uma estratégia construída. É uma resposta a situações conjunturais imprevistas, mas sem pensar nas implicações."