Quando mais uma edição do baile da DZ7 começar na noite deste sábado (7), na favela paulistana de Paraisópolis, ele será diferente. Não só porque será uma homenagem aos nove mortos uma semana antes na mesma festa; não só porque o público deverá estar vestido de branco; mas também porque marcará o fim de uma semana em que os bailes gritaram, em relatos anônimos e vídeos explícitos, contra um histórico de repressão policial violenta a eventos do tipo.
Desde a manhã de domingo (1º), quando se teve notícia das mortes dos jovens — eles tinham entre 14 e 23 anos — os relatos e os registros de abusos cometidos pela Polícia Militar durante ações em baile têm se multiplicado. A Folha contabilizou ao menos 16 mortes em três anos em decorrência das ações em bailes.
Ainda não está claro o papel da polícia no que aconteceu em uma viela de uma das maiores favelas de São Paulo. Mas foram divulgados vídeos daquela madrugada mostrando agressões de policiais contra pessoas dominadas; e a confusão inicial sobre alguns vídeos que seriam daquela noite — como o do policial que ria enquanto batia em jovens — acabaram evidenciando que este não era um problema novo.
Após a divulgação das imagens, o governador João Doria (PSDB), que havia defendido a ação da Polícia Militar, mudou o tom, falou em rever protocolos da corporação e recebeu familiares das vítimas de Paraisópolis, o que deve se repetir na segunda-feira (9). Mas ainda não se sabe quais serão as mudanças.