Coronavírus: EUA recomendam que cidadãos do país evitem viagens à China
O governo dos Estados Unidos pediu a seus cidadãos que evitem viajar à China, onde o balanço do novo coronavírus subiu hoje para 213 mortos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência internacional.
Em um comunicado oficial, o Departamento de Estado emitiu uma advertência de viagem de nível quatro, para pedir aos americanos que "não viajem" à China devido à epidemia provocada por um novo coronavírus.
O governo do Japão também advertiu seus cidadãos que evitem viagens não essenciais à China, anunciou o primeiro-ministro Shinzo Abe.
Após uma reunião em Genebra ontem, a OMS declarou emergência internacional pela epidemia, depois de fortes críticas pela demora da organização em alertar sobre a gravidade do cenário.
"Declaro a epidemia uma emergência de saúde pública de alcance internacional", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, depois de uma reunião em Genebra.
"Nossa maior preocupação é a possibilidade de que o vírus se propague para países com sistemas de saúde mais frágeis (...) Não significa desconfiança com a China", assegurou o funcionário.
Ontem, o diretor-geral afirmou que a entidade não apoia a restrição de viagens de ou para a China. "A OMS não recomenda e de fato se opõe a qualquer restrição" a viagens e comércio, afirmou.
Um novo balanço atualizado emitido pelas autoridades chinesas, no entanto, deixou em evidência que a situação mantém tendência a se agravar, com 42 novas vítimas fatais na província de Hubei em apenas um dia.
De acordo com as autoridades chinesas, a epidemia já deixou 213 mortos, com quase 10 mil casos confirmados de contaminação e 102 mil pessoas em observação.
Moradores de Wuhan repatriados
Por conta do número de chineses diagnosticados com o vírus no exterior, o governo da China decidiu enviar aviões para repatriar cidadãos de Wuhan que estão fora do país, para levá-los de volta à cidade "o mais rápido possível", informou nesta sexta-feira o Ministério das Relações Exteriores.
Esta decisão se deve às "dificuldades práticas que os cidadãos de [província de] Hubei, especialmente os da cidade de Wuhan, estão enfrentando no exterior", disse Hua Chunying, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying.
Vários países não estão prontos para lidar com a epidemia, advertiu anteriormente o Conselho de Supervisão de Preparo Global (GPMB), um organismo internacional de monitoramento com sede em Genebra.
Embora a grande maioria dos casos esteja na China, sobretudo na província de Hubei e na cidade de Wuhan, outros 18 países, segundo a OMS, reportaram casos, com maior frequência em pessoas que chegam da China.
Contaminação local
Nos Estados Unidos, uma mulher contaminou seu marido no estado do Illinois, no primeiro caso de transmissão local registrado no país, anunciaram autoridades sanitárias nesta quinta.
O paciente, que não viajou para a China, se encontra em condição "estável", mas complicada por alguns problemas de saúde prévios, disse Jenniffer Layden, diretora médica estadual.
Este último registro eleva a seis o número de casos confirmados de coronavírus nos Estados Unidos.
Diante do crescimento acelerado de novos diagnósticos positivos, o Departamento de Estado americano pediu nesta quinta-feira a seus cidadãos que "não viagem" para a China, elevando seu alerta ao nível mais alto em relação à epidemia.
O órgão recordou que na semana passada havia ordenado a saída de todos funcionários americanos que não exercem funções de emergênica e de seus parentes de Wuhan.
O número de pacientes infectados na China continental se aproxima dos 10.000, muito acima das 5.327 pessoas infectadas em 2002 e 2003 pela SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave). Há quase 20 anos este coronavírus deixou 774 mortos no mundo, 349 deles na China.
Wuhan, uma metrópole de 11 milhões de pessoas na região central da China, está em quarentena e isolada do mundo há uma semana, assim como quase toda província de Hubei.
As 56 milhões de pessoas que vivem na área isolada, o que inclui milhares de estrangeiros, não podem sair da região.
Japoneses evacuados infectados
Um cruzeiro com sete mil pessoas a bordo foi posto em observação no porto de Civitavecchia, perto de Roma, devido a casos suspeitos de coronavírus a bordo. Exames preliminares em uma passageira chinesa descartaram a presença da infecção.
Os exames realizados pelos especialistas do hospital romano Spellanzani "deram resultado negativo", disse uma fonte do ministério da Saúde, razão pela qual os seis mil turistas a bordo foram liberados para desembarcar, se quiserem, acrescentou a imprensa local.
Estados Unidos e Japão foram os primeiros países a retirarem, na quarta-feira, parte de seus cidadãos. Na madrugada de sexta, um avião francês decolou de Wuhan rumo a Marselha (sul) com 200 pessoas a bordo.
Estas pessoas ficarão isoladas durante 14 dias em um centro de lazer especialmente preparado no sul da França, perto de Marselha, onde serão submetidas a exames.
Outros países pretendem organizar operações similares. A Itália anunciou o envio de um avião nesta quinta, a Espanha informou que a evacuação seria realizada nas próximas horas e a Alemanha prevê a retirada de 90 alemães nos próximos dias. O Canadá também fretará um avião.
Dos 195 americanos que chegaram na quarta-feira a uma base militar na Califórnia, nenhum apresentava sintomas do vírus. Todos permanecerão isolados durante 72 horas.
No Japão, porém, dos 206 repatriados três estavam infectados, somando-se aos demais oito casos já registrados previamente.
"Uma das três pessoas que apresentaram resultado positivo já desenvolveu os sintomas, mas as outras duas, não", disse o ministro da Saúde, Katsunobu Kato.
Transmissões entre humanos foram registradas em três países, além da China e dos Estados Unidos: Alemanha, Japão e Vietnã.
Várias companhias aéreas, como a British Airways, a alemã Lufthansa, a espanhola Iberia, a francesa Air France e a indonésia Lion Air suspenderam os voos para a China continental.
Os governos de Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos recomendaram que seus cidadãos evitem viajar para o país asiático. E, nesta quinta-feira, a Rússia anunciou que vai fechar a fronteira com a China.
O ministro israelense da Saúde anunciou nesta quinta a proibição para todos os voos procedentes da China devido à epidemia do novo coronavírus.
Férias prorrogadas
Wuhan, no coração da epidemia, parece uma cidade fantasma há vários dias.
No restante do país, os moradores evitam frequentar shoppings, cinemas e restaurantes.
Na luta para frear a propagação do vírus, o governo chinês prolongou o recesso de Ano Novo lunar até 2 de fevereiro, com o objetivo de evitar os grandes deslocamentos de pessoas nos transportes.
O país cancelou várias competições esportivas internacionais, como as provas da Copa do Mundo de esqui alpino. Nesta quinta-feira, as autoridades anunciaram o adiamento do início da temporada 2020 de futebol.
Grandes empresas como Toyota, IKEA, Starbucks, Tesla, McDonald's e a gigante da tecnologia Foxconn decidiram suspender de forma temporária a produção, ou fechar suas lojas na China.
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