O que se sabe sobre os casos de coronavírus no Brasil
São Paulo já tem dois diagnósticos da covid-19, doença causada pelo vírus descoberto na China; pacientes estiveram recentemente na Itália.
Dois casos de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, foram confirmados no Brasil até esta segunda-feira (02/03).
Tratam-se de dois homens, um de 61 e outro de 32 anos, que moram em São Paulo e estiveram recentemente na Itália.
Eles permanecem em quarentena em suas casas — a medida segue definições da Organização Mundial de Saúde (OMS), que orienta que casos menos graves não necessitam de internação.
Na tarde desta segunda-feira (2), o Ministério da Saúde divulgou que há 433 casos suspeitos de novo coronavírus no Brasil. O número representa um incremento de mais de 70% — no domingo foi divulgado que eram 207 casos suspeitos.
Desde o início do monitoramento, 162 casos suspeitos foram descartados.
Os casos considerados suspeitos são aqueles que envolvem pacientes que estiveram em países com risco de transmissão de coronavírus — como China e Itália ? e que tenham apresentado sintomas como febre e tosse ao retornar ao Brasil.
Os dois pacientes brasileiros com o vírus, que não tiveram suas identidades divulgadas, foram diagnosticados no Hospital Albert Einstein. Eles apresentavam sintomas como dor de cabeça, dor muscular e febre — associados à doença causada pelo novo coronavírus.
Um estudo divulgado nesta segunda-feira apontou que o genoma do coronavírus isolado no segundo paciente brasileiro diagnosticado com a doença é diferente do que foi encontrado no primeiro caso.
Diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT), da Universidade de São Paulo (USP), Ester Sabino afirma que o primeiro caso registrado no Brasil se mostrou geneticamente mais parecido com o vírus sequenciado na Alemanha. Já o segundo genoma se assemelha mais ao sequenciado na Inglaterra.
"Ambos são diferentes das sequências chinesas. Tal fato sugere que a epidemia de coronavírus está ficando madura na Europa, ou seja, já está ocorrendo transmissão interna nos países europeus. Para uma análise mais precisa, porém, precisamos dos dados da Itália, que ainda não foram sequenciados", disse Sabino à Agência Fapesp.
As amostras dos dois pacientes brasileiros diagnosticados com covid-19 foram sequenciadas por um grupo coordenado por Claudio Tavares Sacchi, responsável pelo Laboratório Estratégico do Instituto Adolfo Lutz (LEIAL), e Jaqueline Goes de Jesus, pós-doutoranda na Faculdade de Medicina da USP.
De acordo com o Ministério da Saúde, os dois brasileiros estão com o quadro de saúde estável. Nenhum deles precisou de internação, que é indicada em casos considerados graves. Em suas casas, os pacientes estão com suas esposas — que estão sendo acompanhadas para possíveis sintomas da covid-19. As mulheres já passaram por exames, que apontaram resultado negativo para o vírus.
A expectativa é de que os dois pacientes permaneçam 14 dias em quarentena, para que possam fazer novos exames e passar por avaliações dos médicos.
O primeiro caso
O primeiro paciente diagnosticado no Brasil com o novo coronavírus viajou a trabalho à região italiana da Lombardia, a mais afetada do país europeu, entre os dias 9 e 21 de fevereiro. Ele, que é um empresário, retornou ao Brasil com sintomas como febre, tosse seca, dor de garganta e coriza.
No hospital, em 24 de fevereiro passou por um exame em tempo real, que constatou a covid-19. Exames feitos posteriormente confirmaram o diagnóstico.
O Ministério da Saúde informou que 30 parentes dele estão sendo monitorados, pois participaram de um almoço em família um dia antes do diagnóstico. Nenhum deles teria apresentado sintomas do vírus até o momento. Alguns chegaram a passar por exames, que deram negativo para a covid-19.
A expectativa é de que a quarentena do paciente termine no início da próxima semana. Não foram divulgados mais detalhes sobre a atual situação dele. A previsão inicial era de que ele fizesse acompanhamento médico por meio do telefone. Ele somente iria ao hospital em caso de o quadro de saúde se agravar.
O segundo caso
No sábado (29/02), o Ministério da Saúde anunciou que foi confirmado o segundo caso do novo coronavírus no Brasil. Conforme a pasta, o paciente contraiu a covid-19 na Itália e "não há elementos que indiquem a circulação do vírus no Brasil".
Segundo uma nota divulgada pelo ministério, o paciente esteve em Milão, principal cidade da região italiana da Lombardia.
Ele desembarcou em São Paulo na quinta-feira (27) e, no dia seguinte, após apresentar dor de cabeça, dor muscular e febre, foi ao Hospital Israelita Albert Einstein, onde foi examinado e diagnosticado. Segundo o ministério, o paciente está com "quadro clínico leve e estável".
Em entrevista à TV Globonews, o infectologista David Uip — coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo — disse que o homem viajou da Itália ao Brasil com uma máscara facial, o que reduz o risco de ter transmitido o vírus para outros passageiros.
Uip afirma que o paciente será acompanhado pela vigilância sanitária por meio de visitas e conversas telefônicas até que deixe de apresentar sintomas. "Depois, volta à vida normal", diz o médico.
Segundo o infectologista, a detecção de mais um caso do novo coronavírus era "absolutamente esperada", dado o intenso tráfego entre Brasil e Itália.
O homem é funcionário da corretora XP Investimentos, que confirmou o diagnóstico. A empresa enviou um comunicado a seus colaboradores informando o fato e orientando que todos aqueles que tenham passado por países de risco e tenham tido sintomas como dor de cabeça, febre, tosse ou falta de ar procurem ajuda médica e trabalhem de casa pelos próximos 14 dias.
Segundo a XP, o funcionário com a covid-19 participou de uma reunião logo após chegar ao Brasil. Os 10 colaboradores que participaram do encontro com ele estão sendo monitorados. Quatro deles, conforme a empresa, passaram por exames que apontaram negativo para a covid-19.
Em nota, a empresa afirma que o fato de um colaborador ter sido diagnosticado com a covid-19 "não acarreta nenhum impacto para os clientes e parceiros das empresas da companhia, e todas as operações prosseguem normalmente".
Cuidados
A principal recomendação de profissionais de saúde que acompanham o surto é simples, porém bastante eficiente: lavar as mãos com sabão após usar o banheiro, sempre que chegar em casa ou antes de manipular alimentos.
O ideal é esfregar as mãos por algo entre 15 e 20 segundos para garantir que os vírus e bactérias serão eliminados.
Se estiver em um ambiente público, por exemplo, ou com grande aglomeração, não toque a boca, o nariz ou olhos sem antes ter antes lavado as mãos ou pelo limpá-las com álcool. O vírus é transmitido por via aérea, mas também pelo contato.
Também é importante manter o ambiente limpo, higienizando com soluções desinfetantes as superfícies como, por exemplo, móveis e telefones celulares.
Para limpar o celular, pode-se usar uma solução com mais ou menos metade de água e metade de álcool, além de um pano limpo.
Mesmo sem um tratamento específico contra a covid-19, estudos revelam que sua capacidade de matar um paciente é baixa — estudos iniciais apontam que é correspondente a cerca de 2%. Até o domingo, boletim mais recente da OMS, tinham sido registradas cerca de 2,9 mil mortes entre mais de 87 mil infectados.
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