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Suicídio está entre as três maiores causas de morte em pessoas de 15 a 44 anos

Paula Laboissière

Da Agência Brasil, em Brasília

10/09/2012 14h07

No Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, a OMS (Organização Mundial da Saúde) pediu nesta segunda-feira (10) mais ações na prevenção de casos de pessoas que tiram a própria vida. A estimativa é que quase 3 mil pessoas cometam suicídios todos os dias no mundo – um a cada 40 segundos. Segundo a entidade, essas iniciativas são de responsabilidade coletiva e devem ser lideradas por governos e sociedade civil.

O suicídio responde como uma das três principais causa de morte entre pessoas economicamente ativa com idade entre 15 e 44 anos e como a segunda maior causa de morte entre pessoas de 15 a 19 anos, apesar de ser evitável. Os idosos, diz a OMS, também apresentam alto risco de cometer suicídio.

As recomendações integram o documento Public Health Action for the Prevention of Suicide (Ação de Saúde Pública para a Prevenção do Suicídio, em tradução livre), lançado pela instituição em seu site para incentivar debates pela passagem da data. 

“Em nível global, é preciso ter consciência de que o suicídio é a principal causa evitável de morte prematura. Os governos precisam desenvolver políticas e estratégias nacionais de prevenção ao suicídio. Na questão local, resultados de pesquisa precisam ser traduzidos em programas de prevenção e atividades nas comunidades”, destacou a organização.

Em 2006, o Ministério da Saúde publicou uma portaria que instituiu as Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio, a serem implantadas em todos os Estados e no Distrito Federal. A ideia é que cada um desenvolva estratégias de promoção de qualidade de vida, de proteção e  recuperação da saúde e de prevenção de danos, além de promover a sensibilização de que o suicídio é um problema de saúde pública que pode ser prevenido.

Segundo Carlos Alberto Correia, coordenador do CVV (Centro de Valorização da Vida) do ABC Paulista, o tema dificilmente é tratado de forma aberta pelos governos e pelas próprias pessoas envolvidas. “É uma questão muito delicada para todos – inclusive para os próprios familiares. Há quase um pacto no íntimo de cada um para não se falar sobre isso”, disse.

Para Correia, uma das estratégias de prevenção ao suicídio consiste em uma autoanálise periódica, na qual cada indivíduo avalia sua saúde física e emocional. “Estou cuidando de mim? Comendo bem? Praticando esportes? Abusando de álcool ou outras drogas? Isso já é um começo para ver até que ponto estou colaborando para não gerar problemas lá na frente”, explicou.

Outro método prevê a abertura de um canal de comunicação em ambientes de convivência. “Os professores, por exemplo, estão dia a dia com os alunos e percebem no olho de cada um quando algo não está bem. Poderiam abrir esse canal de comunicação dando atenção, tentando entender o que está acontecendo, facilitando o desabafo”, destacou.

Correia comentou ainda a alta taxa de reincidência do suicídio: no Brasil, estimativas do CVV dão conta que mais de 80% das pessoas que tentaram tirar a própria vida uma vez voltaram a cometer o ato. Um dos apelos da entidade é que seja criada uma rede telefônica gratuita para atender a pessoas emocionalmente instáveis e que precisam de aconselhamento. Atualmente, o serviço141 (Linha da Vida) funciona 24 horas todos os dias, mas quem liga precisa pagar pela tarifa telefônica.

“Às vezes, isso dificulta porque a ligação se prolonga quando a pessoa liga para desabafar”, disse Correia. “As pessoas precisam, mas, muitas vezes, não encontram alguém de confiança para fazer isso. Trata-se de uma tristeza que não vai embora. Precisamos mostrar para essas pessoas que, ao perceberem os sinais e se sentirem impotentes, tentem caminhar para uma ajuda profissional”, completou.