Usuárias de pílula proibida na França não devem se preocupar, diz médico
A agência francesa de controle de medicamentos decidiu suspender, recentemente, a venda do Diane 35, pílula que contém os hormônios acetato de ciproterona e etinilestradiol, e é usada para controle da acne em mulheres. No Brasil, a indicação também é essa, mas o produto é amplamente utilizado como anticoncepcional e também para reduzir sintomas de pacientes com ovários policísticos. Quatro mortes foram associadas ao uso do medicamento na França, o que deixou muitas mulheres preocupadas.
Para falar sobre o assunto, o médico colunista do UOL Jairo Bouer conversou com o ginecologista Luciano Pompei, representante da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia). Segundo ele, as usuárias do Diane 35 e seus similares não têm motivo para se preocupar, desde que estejam tomando a pílula com orientação médica.
@saúde: proibição de pílula na França preocupa usuárias
Pompei explica que a maior preocupação em relação às pílulas combinadas (com estrogênio e derivado da progesterona) é o risco de desenvolver trombose. Em mulheres que não usam pílula, a incidência é de aproximadamente 2 casos em cada 10 mil. Entre usuárias, são 4 casos para cada 10 mil, o que para o médico não representa um aumento tão expressivo em termos absolutos. "Em grávidas, esse número chega a 20", comenta.
O ginecologista avisa que mulheres com histórico de trombose, infarto ou AVC não podem usar pílulas hormonais. O medicamento também é contraindicado para fumantes com mais de 35 anos e pacientes hipertensas (mesmo que a doença esteja controlada).
Drospirenona
Recentemente, alguns estudos publicados apontaram um risco maior de trombose associado ao uso de outro tipo de pílula combinada - as que contém o hormônio drospirenona (como Yaz e Yasmin, no Brasil). Esses produtos têm sido bastante receitados porque, em geral, causam menos retenção de líquidos.
Pompei diz que o risco maior, em relação a pílulas de gerações mais antigas, foi detectado em pesquisas com pouca qualidade. Já estudos com qualidade superior mostram que o risco é semelhante ao das outras. "Vamos aguardar novos estudos, mas, a princípio, o conceito é de que o risco é equivalente."
O importante, frisam Pompei e Bouer, é que nenhuma mulher use anticoncepcionais por indicação de amigas ou parentes. Consultar o médico é fundamental para escolher o método contraceptivo mais adequado para cada mulher.
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