Quem não tira férias pode ter depressão e outros males; teste seu risco
Seria muito bom que todas as pessoas tirassem férias, defendem os especialistas. E isso sob todos os aspectos: profissional, pessoal, social e, especialmente, do ponto de vista da saúde e do bem-estar.
“A pressão no ambiente de trabalho só faz aumentar, com metas cada vez mais difíceis de atingir. Quer dizer, o profissional tem que se dedicar quase integralmente e isso gera cansaço, fadiga, estresse. Tirar férias significa um momento de pausa no meio de toda essa demanda”, salienta a psicóloga Fernanda Mion, master em programação neurolinguística com formação em hipnose e psicoterapia breve individual e em grupo.
Com ela concorda Antonio Luiz de Vasconcellos Macedo, médico cirurgião do Hospital Israelita Albert Einstein, presidente do Núcleo de Robótica da Associação Paulista de Medicina. “Cada pessoa tem um tempo necessário para repor suas condições de calma, concentração e foco. Isso é essencial em várias profissões, como no caso de cirurgiões que realizam operações complexas que exigem precisão máxima. Então, para a saúde do próprio indivíduo e também para seu bom desempenho no trabalho, parar de vez em quando é fundamental.”
O corpo é o primeiro a reclamar
Importante: a pessoa que não se permite esta parada necessária provavelmente está vivendo com estresse elevado, o que faz com que a glândula suprarrenal libere hormônios, como adrenalina e cortisol, na corrente sanguínea.
“Tais substâncias podem prejudicar o organismo como um todo, originando sintomas como queda de imunidade, alteração do sono, mudança do apetite, elevação da pressão sanguínea, diabetes, problemas vasculares e cardíacos, tontura e depressão, entre outros sinais”, adverte Cynthia Boscovich, psicóloga clínica pela Universidade de São Marcos (SP), psicanalista pela Sociedade Brasileira de Psicanálise Winnicottianna (SBPW).
E tem mais: um profissional que não descansa é, em geral, um indivíduo ansioso e inseguro. “As consequências para sua saúde são óbvias: desgastes físicos e mentais, além do risco de doenças”, considera Antonio Macedo, acrescentando que, além de parar, é recomendável realizar atividade física regular e seguir uma dieta balanceada.
“Tudo isso é importante para a saúde e também para o bom desempenho no trabalho. Na pausa, o indivíduo se aprimora do ponto de vista profissional e desenvolve a habilidade de limpar o cérebro de todos os pensamentos parasitas que o impedem de agir de forma focada e concentrada.”
Atuação no trabalho melhora
Os dias de descanso, ele afirma, renovam o funcionário e permitem uma melhora na performance. Para Fernanda Mion, é o momento em que os pensamentos desaceleram, a pressão arterial diminui e a qualidade do sono aumenta, proporcionando bem-estar. “Quando a pessoa está em franca atividade, o organismo é muito exigido e, dessa forma, atua no limite da força física e mental.”
De fato, alguém que está exausto, com visível fadiga, dificilmente conseguirá exercer suas funções com qualidade – bem diferente do trabalhador feliz, produtivo e que atinge resultados. É o que mostra o projeto Holiday Health Experiment, conduzido pela agência de viagens britânica Kuoni em parceria com o Nuffield Health, um dos maiores institutos de saúde do Reino Unido: sair de férias contribui para reduzir a pressão arterial, aliviar o estresse, melhorar o sono e, de certa forma, rejuvenescer o corpo, benefícios que são estendidos por vários meses.
Empresas exigem cada vez mais
Pena que muitas pessoas não se deem esse presente, conforme destaca a psicóloga Fernanda Mion. “Percebo que o número de pacientes com queixas de estresse, ansiedade e pânico relacionados ao trabalho não para de crescer. Isso é preocupante e alarmante! Em um contexto mais amplo, pode significar que vivemos em um país onde os empresários pagam taxas excessivas e, assim, reduzem o número de funcionários, deixando-os sobrecarregados e trabalhando no limite. Muitos não se alimentam adequadamente, não praticam exercícios físicos, não conseguem ter tempo para a família, não vão a consultas médicas de prevenção. Enfim, toda esta rotina repetida diariamente pode, sim, afetar e muito a qualidade de vida, comprometendo a saúde como um todo.”
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