No Dia Mundial do Câncer, campanha tenta derrubar mitos sobre a doença
Desde 2005, o Dia Mundial do Câncer é celebrado todo dia 4 de fevereiro por diversos países. Criada pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), a data tem como objetivo aumentar a conscientização e derrubar certos mitos sobre a doença, que mata mais de 8 milhões de pessoas por ano no mundo.
Segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira (3) pela Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer (Iarc) da Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de casos da doença vai aumentar 50% até 2030 e o número de mortes saltará para 13 milhões por ano. O motivo dessa estimativa, segundo a entidade, é o avanço nos países em desenvolvimento.
No Brasil, cerca de 576 mil novos casos de câncer devem ser diagnosticados até o fim deste ano, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer) e o Ministério da Saúde. Os tipos mais comuns serão os de pele (182 mil casos), de próstata (68,8 mil), de mama (57,1 mil), de intestino (33 mil) e de pulmão (27 mil).
Para Claudio Noronha, coordenador de Prevenção e Vigilância do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o aumento da expectativa de vida da população contribui para o crescimento do número de casos. “A melhoria das condições de saúde da população, tais como saneamento básico, desenvolvimento (tecnológico, assistencial e medicamentoso) da medicina promoveram o controle das doenças infectocontagiosas, o que favoreceu o aumento da expectativa de vida. Como consequência, aumentou a ocorrência das doenças não transmissíveis (crônicas), dentre elas o câncer”, explica.
O tema da campanha global é o combate a mitos sobre o câncer. Este ano, foram eleitos os seguintes tópicos, adotados também pelo Inca no Brasil:
- Mito nº 1: não precisamos falar sobre o câncer. Verdade: para muita gente, o tema ainda é um tabu e as pessoas têm medo de admitir a doença e de perguntar sobre ela para quem está em tratamento. Isso é ainda mais forte quando se trata do câncer de próstata, de testículo ou de reto. Segundo a campanha, discutir sobre a doença é uma forma de combater o estigma e a falta de informação;
- Mito nº 2: não dá para saber se temos um câncer. Verdade: há diversos tipos de câncer, como o de mama, o de pele e o colorretal, que produzem algum tipo de sinal nas fases iniciais. É importante que a população saiba disso, porque quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de o tratamento ser bem-sucedido;
- Mito nº 3: não há nada que eu possa fazer para evitar o câncer. Verdade: muita coisa pode ser feita para prevenir o câncer, não só no plano individual, mas também em termos de política pública. Com atitudes adequadas, um terço da maioria dos cânceres mais comuns pode ser evitado. O consumo de tabaco, por exemplo, é responsável por 72% dos tumores de pulmão e por 22% de todos os tipos de câncer. O álcool e a obesidade são dois outros fatores de risco importantes;
- Mito nº 4: não tenho direito a receber tratamento contra o câncer. Verdade: todas as pessoas têm direito ao acesso a tratamentos com eficiência comprovada. Esta é uma das mensagens que a campanha global quer reforçar, por considerar que a doença não é apenas uma questão de saúde, mas também de justiça e de direitos humanos.
Diferenças regionais
Estima-se que 70% dos 160 mil novos casos de câncer infantil diagnosticados no mundo tenham pouco ou nenhum acesso a tratamentos eficazes o que leva a uma disparidade nas taxas de sobrevivência: inaceitáveis 10% nos países em desenvolvimento, em comparação com 90% registrados em alguns países desenvolvidos.
O relatório divulgado pela Iarc destaca a diferença entre os sexos: cerca de 53% dos casos diagnosticados de câncer e 57% das mortes ocorrem em homens.
Entre os homens, o câncer mais comum em 2012 foi os nos pulmões (16,7% do total de casos entre o sexo masculino); seguido pelo câncer de próstata (15%), colorretal (10%), de estômago (8,5%) e de fígado (7,5%).
Entre as mulheres, o mais frequente é o câncer de mama (25,2%), seguido pelo colorretal (9,2%), de pulmões (8,7%), útero (7,9%) e estômago (4,8%).
Há também diferenças regionais: mais de 60% dos casos de câncer e 70% das mortes ocorreram na África, Ásia, América Central e América do Sul, segundo o relatório global.
Na América Latina e no Caribe, o câncer de mama e o de próstata são os que têm maior incidência em mulheres e homens, respectivamente. Os tipos mais mortais nestas regiões são o câncer de mama e o câncer de colo do útero entre as mulheres, e o de próstata e de pulmão nos homens.
Quase a metade dos 14 milhões de novos casos de 2012 foram diagnosticados na Ásia, principalmente na China. A Europa totalizou um quarto dos casos, enquanto América Latina e Caribe 7,8% (e 7,4% de todas as mortes).
No geral, o câncer é diagnosticado em uma idade mais avançada em países menos desenvolvidos. E a nível global, o câncer de pulmão é o mais letal, com 19,4% do total, seguido pelo câncer de fígado (9,1%) e estômago (8,8%).
Olhando para o futuro, o relatório nota que a população mundial vai aumentar de 7 bilhões de pessoas em 2012 para cerca de 8,3 bilhões em 2025. Os países com média e baixa renda terão um maior crescimento de suas populações e, portanto, uma maior incidência de câncer.
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