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Mais da metade das brasileiras desconhece a endometriose, revela estudo

Do UOL, em São Paulo

07/03/2014 07h00

A endometriose afeta cerca de 176 milhões de mulheres no mundo, sendo seis milhões só no Brasil. No entanto, a doença ainda é desconhecida para 53% das brasileiras. É o que revela uma pesquisa realizada com 10 mil mulheres, com idade acima de 18 anos, em dez capitais brasileiras (Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador).

Em Porto Alegre, por exemplo, 68% das mulheres não sabem o que é a endometriose, enquanto em Manaus esse número sobe para 82%. Em São Paulo e Brasília, 52% disseram nunca ter ouvido falar na doença. Na contramão, em Recife, 72% das mulheres afirmaram já ter ouvido falar sobre o assunto, seguido por Curitiba e Salvador (64%) e Rio de Janeiro (54%).

A doença ocorre quando há presença de tecido uterino (endométrio) fora do útero, como por exemplo, na cavidade abdominal e nos ovários. Pode ocorrer já  a partir da primeira menstruação e afeta as mulheres principalmente durante os anos reprodutivos.

A patologia pode causar dores abdominais severas e é uma das principais causas de infertilidade. Entre os principais sintomas estão dor durante as relações sexuais, cólica menstrual intensa, alterações no hábito intestinal (diarreia ou obstipação) e dificuldade para engravidar. Entre as entrevistadas, 55% disseram apresentar algum sintoma da doença - 23% pelo menos um e 7% os cinco sintomas.

A pesquisa, realizada pela Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE), com apoio da farmacêutica Bayer, ainda aponta que grande parte das mulheres (82%) desconhece qualquer tipo de tratamento oferecido pelas redes pública e particular de saúde. E 34% delas acreditam que é possível melhorar o diagnóstico e tratamento da endometriose por meio de campanhas informativas.

Diagnóstico

Além da falta de conhecimento sobre a doença por parte das mulheres, a carência de centros de atendimento especializado dificulta ainda mais a busca por diagnóstico preciso e tratamento eficaz.

Outro estudo da mesma associação, com 956 médicos de 10 Estados brasileiros, revela que, embora a maioria dos profissionais conheça os principais sintomas (78%) e saiba como identificar a endometriose (82%), 67% dos médicos acreditam que os centros disponíveis para tratamento da doença não são capazes de atender à demanda brasileira e 93% gostariam que houvesse mais centros de tratamento.

Quando perguntados quais os maiores desafios para diagnóstico precoce da doença, 49% dos profissionais responderam 'falta de tratamento específico' e 'dificuldade de acesso aos recursos e exames para diagnóstico preciso' da doença.

A doença não tem cura, mas pode ser tratada, permitindo que a mulher ganhe qualidade de vida e até engravide. Para auxiliar as mulheres que aguardam na fila para o tratamento da endometriose nos hospitais de referência, a Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE) realizará ainda neste semestre um mutirão de saúde com exames clínicos e exames de diagnósticos por imagem para diminuir a espera dessas mulheres que precisam de tratamento.

Grupo de apoio

Para dar apoio às mulheres que sofrem com a endometriose, o Gapendi (Grupo de Apoio às Portadoras de Endometriose e Infertilidade) conta com grupos nas redes sociais para troca de informações sobre a doença.

A associação sem fins lucrativos conta com dois grupos com mais de 7.000 membros no Facebook, a fan page Endometriose Online, com publicações diárias sobre a doença, e um blog que reúne depoimentos de mulheres portadoras.

Neste mês, o Gapendi realizará diversas ações com o objetivo de levar informação e divulgar a doença. Em Salvador, no dia 22 de março, o grupo organiza uma palestra sobre endometriose das 9h às 12h na clinica Gêneses (Alameda Algarobas, 102, Caminho das Arvores).

O evento contará com a presença da ginecologista especialista em endometriose e videolaparoscopia Emily Serapião, a radiologista especialista no diagnóstico de endometriose Francine Freitas, a anestesista Viviane Mineiro e a especialista em reprodução humana Bela Zausner.

O evento é gratuito, mas as vagas são limitadas. As inscrições devem ser feitas por e-mail gapendipalestra_salvador@outlook.com.

Em São Paulo, a palestra sobre como melhorar a qualidade de vida depois do diagnóstico da doença está marcada para o dia 29 de março às 14h no auditório do Fleury - unidade Paraíso (Rua Cincinato Braga, 282 - Bela Vista/SP).

O evento contará com a presença da especialista em diagnóstico por imagem da Endometriose Luciana Chamié, do especialista em endometriose, videolaparoscopia e cirurgia robótica Edvaldo Cavalcante, do especialista na área da reprodução humana da clínica Huntington Medicina Reprodutiva, Paulo Serafini e da nutricionista Roseli Ueno.

Para participar, a pessoa deve mandar um e-mail para gapendipalestra_saopaulo@outlook.com com o nome completo, RG e aguardar a confirmação da inscrição.