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Brasil confirma 508 casos de microcefalia e alterações do sistema nervoso

Do UOL, em São Paulo

17/02/2016 12h16Atualizada em 17/02/2016 15h45

O número de bebês recém-nascidos no Brasil com problemas no sistema nervoso central chegou a 508 --isso inclui crianças com microcefalia comprovadamente causada por infecção congênita (transmitida de mãe para filho) e crianças com perímetro cefálico menor que 32 cm que apresentaram outro tipo de alteração no cérebro ou na medula. Relatório anterior apontava 462 casos.

Segundo o boletim do Ministério da Saúde divulgado nesta quarta-feira (17) outros 3.935 casos estão sendo investigados, sem resposta ainda, e 108 bebês morreram logo após o parto ou durante a gestação por aborto espontâneo. Já foram descartados 837 casos que estavam sob suspeita, mas apresentaram exames normais ou microcefalias e/ou alterações no sistema nervoso central por causas não infeciosas.

No boletim anterior havia 41 casos confirmados de ligação com o Zika, mas o Ministério da Saúde preferiu não divulgar mais esta informação. A pasta não informou porque mudou a divulgação dos dados.

O balanço começou a ser feito em outubro de 2015, quando a notificação passou a ser obrigatória. Desde então, foram 5.280 registros em 203 municípios de 13 unidades da federação. Somente Amapá e Amazonas não têm qualquer registro de suspeita ou casos confirmados.

Pernambuco é o Estado com maior número de casos notificados: 1.544 (182 confirmados, 1.203 em investigação e 159 descartados). Paraíba aparece em segundo lugar com 766 casos notificados (56 confirmados, 423 em investigação e 287 descartados), seguido por São Paulo, com 500 notificações (cinco confirmados, 420 em investigação e 75 descartados).

Entenda o balanço

O controle dos casos está sendo feito porque diversos estudos já ligaram o vírus à microcefalia, embora ainda não se sabia se a zika sozinha é a causa da microcefalia ou se há outro fator que, por exemplo, facilite a entrada do vírus na placenta para causar a má-formação.

Hoje, todas as crianças que nascem com 32 cm ou menos de perímetro cefálico são alvo de investigação e passam por exames de imagem e consultas com médicos para confirmação ou descarte de problemas neurológicos, que incluem também lesões oculares e auditivas.

 O ministério está investigando todos os casos informados pelos Estados para checar a possível relação com o vírus da zika e outras infecções congênitas. A microcefalia pode ter como causa diversos agentes infecciosos além da zika, como sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes viral.

Até o momento, os casos confirmados de microcefalia por infecção congênita no país praticamente se igualam aos dados de 2012 a 2014, quando a notificação ainda não era obrigatória --e levanta-se a hipótese de que os dados são menores do que a realidade. No entanto, os especialistas consideram que houve um aumento significativo de casos mais graves de microcefalia no último trimestre de 2015.

Antes, a média anual do Brasil era de 0,5 caso de microcefalia para cada 10 mil nascidos vivos, um número pequeno perto da média dos Estados Unidos, que vai de 2 a 12 casos a cada 10 mil nascimentos. Mas se fizermos as contas com números dos meses recentes, a incidência passa para cerca de 6,40 casos confirmados para cada 10 mil nascimentos. Isso considerando só os casos de microcefalia por causa infecciosa. E é esse número que chama a atenção do mundo e fez a OMS (Organização Mundial da Saúde) decretar emergência de saúde pública.

Distribuição dos casos notificados de microcefalia por Estado

REGIÃO NORDESTE

Alagoas: 204 (90 em investigação, 25 confirmados, 89 descartados)

Bahia: 744 (583 em investigação, 107 confirmados, 54 descartados)

Ceará: 287 (243 em investigação, 24 confirmados, 20 descartados)

Maranhão: 175 (159 em investigação, 16 descartados)

Paraíba: 766 (423 em investigação, 56 confirmados, 287 descartados)

Pernambuco: 1.544 (1.203 em investigação, 182 confirmados, 159 descartados)

Piauí: 116 (74 em investigação, 30 confirmados, 12 descartados)

Rio Grande do Norte: 318 (228 em investigação, 70 confirmados, 20 descartados)

Sergipe: 185 (177 em investigação, 8 descartados)

REGIÃO SUDESTE

Espírito Santo: 64 (58 em investigação, 3 confirmados, 3 descartados)

Minas Gerais: 63 (24 em investigação, 39 descartados)

Rio de Janeiro: 233 (227 em investigação, 2 confirmados, 4 descartados)

São Paulo: 140 (111 em investigação, 29 descartados)

REGIÃO NORTE

Acre: 22 (22 em investigação)

Amapá: sem registro

Amazonas: sem registro

Pará: 11 (10 em investigação, 1 confirmado)

Rondônia: 1 (1 em investigação)

Roraima: 8 (8 em investigação)

Tocantins: 105 (88 em investigação, 17 descartados)

REGIÃO CENTRO-OESTE

Distrito Federal: 23 (6 em investigação, 17 descartados)

Goiás: 80 (72 em investigação, 6 confirmados, 2 descartados)

Mato Grosso: 168 (122 em investigação, 46 descartados)

Mato Grosso do Sul: 11 (5 em investigação, 1 confirmado, 5 descartados)

REGIÃO SUL

Paraná: 10 (1 em investigação, 9 descartados)

Santa Catarina: 1 (1 descartado)

Rio Grande do Sul: 12 (1 em investigação, 1 confirmado, 10 descartados)