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China proíbe consumo e venda de animais selvagens após coronavírus

Dono de uma loja de sopas de cobra exibe suas iguarias na China continental - REUTERS/Bobby Yip
Dono de uma loja de sopas de cobra exibe suas iguarias na China continental Imagem: REUTERS/Bobby Yip

Do UOL, em São Paulo

25/02/2020 11h26

O surto do novo coronavírus obrigou a China a tomar uma decisão que mudará um costume tradicional em todo o país: o governo anunciou a proibição do consumo e venda de animais selvagens, responsáveis pela covid-19 e outras doenças globais, como a Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave), que matou centenas na década passada.

O anúncio foi feito na segunda-feira (24), informou agência de notícias Reuters. Os cientistas suspeitam que o novo coronavírus tenha sido transmitido para os seres humanos a partir de animais silvestres. A cobra é um dos prováveis animais, indica um estudo.

A doença já matou quase 2.700 pessoas na China e se espalhou para países ao redor do mundo.

As primeiras infecções foram encontradas em pessoas expostas a um mercado de vida selvagem na capital da província de Hubei, Wuhan, onde morcegos, cobras, civetas e outros animais eram vendidos.

"Tem havido uma preocupação crescente entre as pessoas sobre o consumo de animais selvagens e os perigos ocultos que isso traz à saúde pública desde o novo surto da doença por coronavírus", disse Zhang Tiewei, porta-voz dos Assuntos Legislativos da China.

Zhang disse que é urgente que a decisão seja tomada no "momento crítico da prevenção e controle da epidemia".

A medida, de iniciativa do Congresso Nacional, define que o consumo e o comércio de animais selvagens serão "severamente punidos", assim como a caça, o comércio ou o transporte de animais silvestres para fins de consumo.

A utilização de animais selvagens para fins não comestíveis, incluindo pesquisa científica, uso médico e exibição, passará por um rigoroso exame, aprovação e inspeção.

Antes do anúncio, os comerciantes que vendiam legalmente burro, cachorro, veado, crocodilo e outras carnes disseram à Reuters que planejavam voltar aos negócios assim que os mercados reabrissem.

Muitos acadêmicos, ambientalistas e residentes na China se uniram a grupos internacionais de conservação para pedir a proibição permanente.

O assunto também virou debate nas redes sociais chinesas, o que favoreceu a proibição permanente de uma tradição milenar.