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Cloroquina: aposta de Bolsonaro e Trump, remédio intoxica dois na Nigéria

Do UOL, em São Paulo*

22/03/2020 12h07Atualizada em 22/03/2020 18h39

A cidade de Lagos, maior metrópole da Nigéria, registrou dois casos de intoxicação por cloroquina —substância utilizada contra malária e que apresentou resultados preliminares positivos no combate ao novo coronavírus. Ontem (21), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que os laboratórios do Exército ampliarão a produção do remédio. Donald Trump, presidente dos EUA, também já havia citado o medicamento como possível solução para a pandemia.

A esperança de que a cloroquina possa curar sintomas da covid-19 levou ao esgotamento do remédio em diversas farmácias no Brasil. Pessoas com lúpus, que precisam do medicamento, relatam dificuldade em encontrar cloroquina. Isso levou a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a enquadrar a substância como medicamento de controle especial.

A cloroquina e a hidroxicloroquina, usadas em tratamentos contra malária e lúpus, estão em fase de teste contra sintomas da covid-19. Nenhuma dessas substâncias deve ser usada sem indicação médica.

Manuais de farmacologia indicam que a intoxicação por cloroquina ou hidroxicloroquina pode causar, dentre outros problemas, convulsões, arritmia cardíaca, visão borrada, visão dupla e erupções na pele.

Em caso de dúvidas ou denúncias relacionadas a intoxicações, a Anvisa disponibiliza o Disque-Intoxicação, pelo número 0800-722-6001. A ligação é gratuita e o usuário é atendido por uma das 36 unidades da Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Renaciat).

Intoxicações na Nigéria

Os episódios ocorreram na última sexta-feira (20), um dia depois de Donald Trump ter dito que a cloroquina poderia ser o "remédio certo" contra a pandemia, gerando uma corrida às farmácias para comprar o medicamento.

"Já registramos dois casos de intoxicação, mas provavelmente teremos mais e mais nos próximos dias", disse Ore Awokoya, assessora especial de saúde do governo de Lagos, à agência AFP na última sexta-feira (20).

"Depois da declaração de Donald Trump, isso ganhou outra dimensão. As pessoas foram em massa às farmácias para comprar cloroquina", acrescentou ela, descrevendo a corrida para adquirir o medicamento como "preocupante".

A Nigéria, país mais populoso da África, registra 22 casos do novo coronavírus, mas sua capacidade de realizar testes é limitada. As autoridades locais restringiram as atividades de igrejas, mesquitas, casas noturnas e eventos esportivos em três estados (Lagos, Abuja e Ogun), com um público máximo de 50 pessoas.

*Com ANSA