Brasileira viaja na pandemia e fica presa na África: 'Estou de caridade'
A empresária Naiade Granatelli, 31 anos, embarcou de férias para a África do Sul há uma semana, dias depois de a OMS (Organização Mundial de Saúde) declarar a pandemia de coronavírus. Na época, nenhuma morte havia sido registrada no Brasil e notícias sobre o surto na África ainda eram escassas.
"Imaginei que daria tempo de voltar numa boa", disse ela, ao UOL, no domingo (22).
Não deu.
Naiade voltaria hoje para São Paulo num voo da companhia South African Airways. A empresa, porém, suspendeu todas suas rotas internacionais.
Naiade, que viaja com uma amiga, se diz presa na África do Sul, onde o surto do coronavírus começa a crescer.
"Tenho certeza que daqui a dez dias, a situação aqui estará como no Brasil", prevê, temerosa.
Ninguém aqui está se protegendo. É mais ou menos o que aconteceu no Brasil uns dias atrás"
Segundo ela, turistas brasileiros clientes de outras companhias aéreas estão na mesma situação. Num hotel em Joanesburgo, foram hospedados 80 clientes da Latam, que estão aguardando uma voo da empresa voltar para casa.
No caso deles, a Latam está custeando a estadia. Naiade, contudo, reclama que não recebeu nenhuma informação nem ajuda.
Conseguiu ir para o mesmo hotel que os passageiros da Latam depois que eles pressionaram a companhia. "Eles disseram que todos deveriam ir para o mesmo lugar. Estou aqui de caridade", contou.
Ela afirmou ainda que pode custear sua própria hospedagem, mas não quer ficar isolada com sua amiga numa cidade desconhecida.
Fora isso, tem uma doença autoimune, o que a coloca no grupo de risco na pandemia do coronavírus.
O grupo de compatriotas já procurou a Embaixada do Brasil na África do Sul. O órgão está cadastrando os brasileiros, mas até agora não intercedeu para providenciar a volta deles.
Em comunicado emitido no sábado, a embaixada informou que "fronteiras aéreas entre o Brasil e a África do Sul continuam abertas".
"Enquanto as fronteiras estiverem abertas, a embaixada instrui que os brasileiros busquem remarcar seus voos ou adquirir bilhetes em companhias que ainda estão operando. A embaixada não está capacitada para realizar remarcações individuais de voo", declarou.
A embaixada ainda recomenda que brasileiros adiem suas viagens não essenciais à África do Sul.
"Já tentamos de tudo para tentar um voo de volta. Está um caos. Até agora, não conseguimos nada", reclamou Naiade. "Não tenho prazo para sair daqui."
A suspensão dos voos da South African Airways, por ora, é valida até 31 de maio. Segundo a companhia, a decisão foi tomada para cooperar com esforços do governo da África do Sul no controle do coronavírus. "Lamentamos o inconveniente para nosso passageiros", informou.
"Se eu soubesse que isso tomaria a proporção que tomou, nunca teria vindo", arrepende-se Naiade.
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