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Amazonas registra a primeira morte por coronavírus no estado

Rosiene Carvalho

Colaboração para o UOL, em Manaus

24/03/2020 23h02

O Amazonas registrou na noite de hoje a primeira morte pelo novo coronavírus no estado. A vítima era um homem de 49 anos que, após ser identificado com a covid-19, foi transferido do município de Parintins para Manaus no sábado (21) e internado no hospital da rede pública estadual Delphina Aziz. O município de Parintins fica a 366 quilômetros de Manaus.

De acordo com o governo do estado, ele havia sofrido uma parada cardiorrespiratória no domingo e estava sendo acompanhado pela equipe médica da UTI (Unidade de Terapia Intensiva do Hospital). Ainda segundo o governo do Amazonas, o quadro do paciente voltou a agravar no início desta noite, e ele morreu.

Segundo o prefeito de Parintins, Bi Garcia (PSDB), o homem, chamado Geraldo Sávio, era hipertenso. Ele teria dito ter contraído a doença durante um evento de pescadores, na semana passada em Manaus, que reuniu pessoas de vários locais do país.

Depois do evento, o comerciante fez uma programação de pesca em Nhamundá, município próximo de Parintins, e no dia seguinte passou a se sentir mal com sintomas da doença. Ao ser atendido na sexta-feira (20), no hospital municipal, os médicos da cidade o internaram e orientaram a transferência imediata para Manaus, mesmo sem o resultado do teste para covid-19.

Geraldo usou o serviço de UTI aérea do Estado. "Ele foi normal, embarcou andando", afirmou o prefeito.

Bi Garcia disse que tanto o teste de Geraldo como o da mulher dele deram positivos para coronavírus. A mulher do comerciante não apresentou sintomas da doença e está em isolamento social em Manaus.

47 casos no estado

De acordo com informações divulgadas na coletiva de hoje pela FVS (Fundação de Vigilância em Saúde), o Amazonas registrou 47 casos confirmados da covid-19 e 15 casos suspeitos que estão em investigação.

Na coletiva, a informação divulgada foi que cinco pacientes estão internados, sendo dois deles no Hospital e Pronto-Socorro (HPS) Delphina Aziz, e três na rede privada. Uma das pessoas que estavam no Delphina é o paciente que morreu nesta noite.

Os demais casos confirmados são de Manaus. Os pacientes não internados, segundo a Susam, estão sendo monitorados, no isolamento social, por profissionais de saúde.

O Amazonas tem hoje, segundo informações fornecidas pelo secretário de Estado de Saúde, Rodrigo Tobias, em entrevista na semana passada, cerca de 550 leitos de UTI, entre adultos e pediátricos. Destes, 383 estão em unidades da rede pública, atendem à rotina da saúde e estão concentrados em Manaus.

O plano de enfrentamento ao coronavírus do Amazonas, segundo o secretário, reservou 50 leitos no hospital Delphina Aziz, que passou a funcionar apenas para atendimento de pacientes com o novo coronavírus.

Rodrigo Tobias destacou que novos investimentos, com recursos do Ministério da Saúde, devem elevar o número de leitos com respiradores específicos para casos graves da doença para 150. O número representa quase metade do que a rede pública do Amazonas dispõe atualmente.

Ao ser questionado sobre a falta de UTI no interior do Amazonas, em que municípios são distantes de Manaus, na semana passada, o secretário afirmou que isso não era "problema nenhum". Tobias disse que o governo vai ampliar um contrato de UTI aérea para transferir pacientes graves do interior para Manaus.

"De fato o interior do estado não tem estrutura de UTI, mas isso não é um problema de estrutura. Isso é um problema de falta de profissionais de alta especialidade distribuídos no interior. Isso para nós não é nenhum problema", declarou o secretário da Susam.

Em entrevista à Rádio BandNews Difusora, na semana passada, o presidente da Associação dos Municípios do Amazonas e prefeito do município de Maués, Júnior Leite (PP), afirmou que a falta de estrutura da saúde e leitos de UTIs nos municípios do interior era uma preocupação para os prefeitos. A distância e as dificuldades de locomoção da população do interior é um obstáculo comum para acesso ao atendimento de saúde especializada, que é oferecido em Manaus.

"Isso vai demandar um planejamento muito forte do governo e prefeituras porque cada caso é um caso. O Amazonas é muito extenso, muitos municípios e muitas realidades diferentes. Os municípios polos serão certamente impactados. Terão certamente aumentado a demanda, no caso evolução forte desse quadro de corona", avaliou o presidente da AAM, na semana passada.