Diretor da OMS projeta 1 milhão de casos de covid-19 nos próximos dias
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), voltou a demonstrar preocupação com o crescimento quase exponencial no número de casos da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, no mundo. Hoje, em entrevista coletiva, ele projetou o número de infectados confirmados que a doença alcançará nos próximos dias e falou sobra a situação da América do Sul em meio à pandemia.
"Ao entrarmos no quarto mês desde o início da pandemia da covid-19, estou profundamente preocupado com a rápida escalada e a disseminação global de infecções", considerou.
"Nos próximos dias, chegaremos a 1 milhão de casos confirmados de covid-19 e 50 mil mortes. Embora números relativamente baixos de casos covid-19 confirmados tenham sido relatados na África e na América Central e do Sul, percebemos que a covid-19 poderia ter sérias consequências sociais, econômicas e políticas para essas regiões. É essencial garantir que esses países estejam bem equipados para detectar, testar, isolar e tratar casos", acrescentou Ghebreyesus.
Além do constante cuidado com os números, outros assuntos abordados na coletiva foram os estudos para saber quais medicamentos são mais eficazes no tratamento da doença e também para comprovar as evidências sobre o uso de máscara.
"Continuamos trabalhando com governos e fabricantes para acelerar a produção e distribuição de equipamentos de proteção individual", disse Ghebreyesus. Ainda assim, a OMS segue com a recomendação de uso de máscaras para as pessoas doentes e também para quem as cuida, além da sua combinação com outros métodos de proteção.
Bolsonaro e consequências econômicas
Após ser questionado sobre a postura de Jair Bolsonaro (sem partido) por Jamil Chade, colunista do UOL, o diretor-geral da OMS optou por não comentar o posicionamento do presidente da República — ontem, o líder brasileiro afirmou que Tedros teria defendido o fim da quarentena para evitar impactos econômicos mais profundos.
Coube ao diretor diretor-executivo da entidade, Michael Ryan, responder à pergunta. Ryan não citou Bolsonaro, mas pediu que os países adotem uma política "abrangente" contra a pandemia e preparem seus sistemas de saúde.
A preocupação chega à economia. Citando países em desenvolvimento, Tedros comentou a implementação de programas de bem-estar social que possam combater as consequências causadas pelo novo coronavírus.
Considerando medidas essenciais para que esses países possam evitar um colapso econômico, o diretor da OMS anunciou, em ligação com o Banco Mundial e o FMI, o alívio da dívida.
"Muitos países estão pedindo às pessoas que fiquem em casa e desliguem o movimento da população, o que pode ajudar a limitar a transmissão do coronavírus, mas pode ter consequências indesejadas para as pessoas mais pobres e vulneráveis", disse.
"Convidei os governos a implementar medidas de bem-estar social para garantir que as pessoas vulneráveis tenham alimentos e outros itens essenciais da vida durante esta crise", completou Ghebreyesus.
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