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Coronavírus: Últimas notícias e o que sabemos até esta quarta-feira (01)

Post apagado por Bolsonaro contia informações falsas sobre Ceasa de Belo Horizonte - Reprodução
Post apagado por Bolsonaro contia informações falsas sobre Ceasa de Belo Horizonte Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

01/04/2020 14h16

Um dia depois de um tom mais conciliador em rede nacional, o presidente Jair Bolsonaro voltou a mostrar discordância em relação às medidas de isolamento social dos governadores com um vídeo postado em suas redes sociais que causou polêmica. Nele, um homem não identificado mostrava um suposto desabastecimento no Ceasa de Belo Horizonte como efeito das medidas contra a pandemia do coronavírus.

Em nota, a Ceasa disse que a informação do vídeo é falsa e disse acreditar que as imagens foram feitas no sábado (28), quando haveria uma feira de produtores que acabou sendo cancelada para evitar aglomeração de pessoas. A central também disse que "não há qualquer desabastecimento em seus entrepostos em razão do coronavírus".

A polêmica voltou a colocar a postura de Bolsonaro em evidência depois de uma fala mais comedida em rede nacional ontem à noite. Embora tenha voltado a citar a importância dos empregos, ele reconheceu a gravidade em relação ao vírus e amenizou um pouco às críticas que já estavam em âmbito internacional. O jornal The Guardian chegou a escrever um editorial dizendo que Bolsonaro era um perigo para os brasileiros.

No campo jurídico, a postura de Bolsonaro contra o isolamento social também não deve prosperar. A legislação permite que governadores e prefeitos imponham medidas desta natureza para combater o novo coronavírus, e uma possível disputa entre eles e o presidente sobre a questão deve ir ao STF (Supremo Tribunal Federal), segundo especialistas em direito constitucional e administrativo consultados pelo UOL. Para eles, em meio à pandemia da covid-19, eventuais ações contra o confinamento podem ser consideradas inconstitucionais.

Medidas detalhadas na Economia

No campo econômico, o Governo apresentou mais medidas e detalhes de planos contra os efeitos da pandemia. No começo da tarde, Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, detalharam os investimentos que serão feitos com o intuito de manter empregos e financiar ações de saúde em estados e municípios. O montante total estimado será de R$ 200 bilhões, o que inclui o auxílio emergencial de R$ 600 a trabalhadores prejudicados pela crise, medida que tem sido chamada de "coronavoucher". O presidente prometeu mais uma vez sancionar a medida nesta tarde.

Na noite de ontem, uma medida de contenção de gastos foi tomada. O governo publicou a Medida Provisória 932/2020, que reduz por três meses as contribuições que são recolhidas pelas empresas para financiar o "Sistema S". A medida alcança entidades como Sesi, Senac, Senai, Sesc, Sest, Senar e Sescoop. Segundo o governo, ao todo as alíquotas pagas pelo setor produtivo sofrerão um corte de 50%.

A decisão gerou críticas, principalmente da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em nota, a entidade disse que o corte nos valores do Sistema S anunciado pelo Governo Federal "afetará de forma drástica" o trabalho realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e pelo Serviço Social da Indústria (Sesi).

Maia pede agilidade ao Governo

No campo Legislativo, o dia foi de críticas vindas do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Ele cobrou mais agilidade do governo no envio de medidas emergenciais e na operacionalização dos projetos que já foram aprovados pelo Congresso.

Maia ironizou a cobrança feita na terça-feira por Guedes pela aprovação da chamada PEC do Orçamento de Guerra. Maia lembrou que a proposta não partiu da equipe econômica, mas, sim, do próprio Congresso. "Guedes ontem me cobrou encaminhar (para votação) PEC que ele nem sabe qual é", rebateu.

Por outro lado, a Câmara e o Senado terão seus processos agilizados enquanto durar a pandemia do novo coronavírus no Brasil. Em decisão publicada nesta quarta-feira no Diário Oficial, o Congresso ratificou a decisão de retirar a obrigatoriedade de criação de uma comissão mista para a análise de medidas provisórias, o que abre a possibilidade de uma MP encaminhada pelo presidente ser aprovada em até 14 dias.

Reino Unido vê escalada em mortes

Na Europa, a dimensão do novo coronavírus ainda causa preocupação. Especialistas apontaram que as medidas de isolamento social começaram a ter efeitos, mas elas ainda não têm aparecido de forma consistente nas estatísticas.

O Reino Unido viu uma escalada no número de mortes, com 563 vítimas fatais nas últimas 24 horas. Ao todo, 2.352 morreram e 29.474 foram diagnosticadas com covid-19. Entre todos os casos, dois chamaram a atenção: as mortes dos adolescentes Ismail Mohamed Abdulwahab, 13, e Luca Di Nicola, 19.

A Espanha, por sua vez, registrou o quinto dia seguido com mais de 800 mortes, mais precisamente 864 nas últimas 24 horas. Ao todo, 9.053 já morreram no país com a doença e 102.136 foram impactadas.

Já a Itália viu o número de mortos diários cair para 727 óbitos, com 13.155 desde o início da crise. No boletim anterior, 837 mortes haviam sido anunciadas. No entanto, o número de novos casos aumentou mais acentuadamente do que no dia anterior, crescendo em 4.782 em relação aos 4.053 anteriores, elevando o número total de infecções desde o surgimento do surto em 21 de fevereiro para 110.574.

Lar de idosos vira preocupação nos Estados Unidos

Um lar de idosos no sul da Califórnia, nos Estados Unidos, foi atingido pelo novo coronavírus e contabilizou até o momento 51 testes positivos entre residentes e seis entre os funcionários da Cedar Mountain, em Yucaipa,Dois pacientes morreram, incluindo uma mulher de 82 anos com problemas de saúde pré-existentes.

No plano nacional, os Estados Unidos superaram a barreira de 4 mil mortes provocadas pelo novo coronavírus, número que dobrou em apenas três dias, de acordo com o balanço da Universidade Johns Hopkins. As vítimas fatais chegaram a 4.076, contra 2.010 no sábado. Mais de 40% das mortes aconteceram no estado de Nova York.

Uma das esperanças para controle da pandemia do presidente Donald Trump segue sendo os testes que estão sendo feitos com remédios utilizados contra a malária.

Em sua conta oficial no Twitter, Bolsonaro postou uma foto do momento da ligação e afirmou que os líderes também trocaram experiências sobre o uso de hidroxicloroquina no combate à covid-19.

Vítima mais jovem no Brasil

O gastrólogo Matheus Aciole, 23, é a pessoa mais jovem a morrer vítima do novo coronavírus no Brasil. Morador de Natal, ele teve a morte confirmada na noite de ontem pelas secretarias Estadual e Municipal de Saúde, após o recebimento do teste positivo para a covid-19.

Matheus era obeso e pré-diabético, segundo investigação das autoridades locais de Saúde. Essas comorbidades inseriram o gastrólogo no grupo de risco para o coronavírus.

O último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde aponta 201 mortes oficiais por novo coronavírus até o momento. Uma nova atualização será realizada nesta tarde.