Na despedida, Mandetta diz que mundo se dividirá em antes e depois da covid
O mundo será dividido em "antes e depois" do coronavírus, disse hoje o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM). Durante discurso de despedida na cerimônia de posse do substituto, o oncologista Nelson Teich, o agora ex-chefe da pasta afirmou que todas as economias vão sofrer em razão dos efeitos da pandemia.
"O mundo se dividirá em antes e depois do coronavírus. Todas as economias vão sofrer, as nossas vão sofrer, e muito nos preocupa a segunda onda", afirmou o ex-ministro.
Mandetta também deixou de lado os atritos com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e agradeceu pela oportunidade, colocando-se à disposição para outras tarefas. Ele e mandatário se cumprimentaram com o cotovelo, gesto simbólico que denota a preocupação em evitar a possibilidade de contágio pela covid-19.
Durante o seu discurso, o ex-ministro também agradeceu nominalmente ao senador Flávio Bolsonaro e ao deputado federal Eduardo Bolsonaro, estendendo o cumprimento aos dois a todos os senadores e deputados. Mandetta também destacou o apoio da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que participou da cerimônia.
Bolsonaro elogiou o ex-subordinado e afirmou que ele deu "o melhor de si" para atingir os objetivos traçados no combate ao coronavírus. "Aqui não tem nem vitoriosos nem derrotados. A história lá na frente vai nos julgar. E peço a Deus que estejamos certos lá na frente."
Mandetta se notabilizou pela defesa do isolamento social como medida necessária ao enfrentamento da pandemia. Bolsonaro, por sua vez, quer a flexibilização da quarentena, restringindo o isolamento a idosos e grupos de risco, e cobra a reabertura do comércio.
"Tenho certeza que ele fez o que achava que tinha que ser feito. Dei liberdade para os ministros buscarem o melhor para o Brasil. Tenho certeza que ele sai com a consciência tranquila", afirmou o chefe do Poder Executivo.
Teich busca neutralidade
Preocupado em se colocar de forma neutra no debate, Teich afirmou que, independentemente dos argumentos de quem apoia ou critica o isolamento, o lado humano se impõe em um momento como esse.
Não importa se é saúde ou economia, não importa o que você fala, o final é sempre gente
Nelson Teich, novo ministro da Saúde
Teich disse ainda que a população está com medo e associou o momento atual a um filme. O ministro citou como exemplo o Rio de Janeiro, onde ele mora com a família. Declarou ter ficado assustado com a quantidade de indivíduos com máscaras nas ruas no trajeto realizado até o aeroporto Santos Dumont, na região central da capital fluminense, pouco antes da viagem a Brasília.
"A gente vive não só um problema clínico que é administrar uma sociedade que está com muito medo. E a gente vai ter que trabalhar que a gente vai levar para as pessoas um começo de uma solução", explicou.
Parece um filme o que a gente está vivendo
Nelson Teich
O ministro classificou a nova função viver o maior desafio da carreira. "Hoje eu recebo o maior desafio da minha vida profissional. Em um momento tão difícil ter a oportunidade de ajudar as pessoas desse país é uma oportunidade única. Eu vivi durante muito tempo a interação médica, como clínico, as pessoas são muito próximas. E isso é uma coisa que me mudou."
O substituto de Mandetta relembrou o período em que atuou como médico em cidades pequenas pelo Brasil e argumentou que esse trabalho o aproximou das pessoas, "moldou o seu lado humano".
Falta de informação
Teich revelou que sua primeira missão no cargo será cobrar a junção de todas as informações disponíveis sobre a covid-19. Ele defendeu um trabalho integrado com as outras pastas para "capturar" o maior volume possível de dados e, a partir desse trabalho, traçar estratégias de atuação.
O ministro não quis se alongar ao comentar os trabalhos técnicos que estão sendo desenvolvidos no combate ao coronavírus. Deixou claro, no entanto, que está acompanhando os estudos, como a análise da eficácia de moléculas antivirais, e considera que em breve o país poderá ter uma "resposta" da ciência.
Conselho de Bolsonaro
Além de agradecer Mandetta pelos serviços prestados e minimizar as rusgas com o ex-subordinado, Bolsonaro deu um conselho a Teich durante a solenidade de posse:
"Junte eu e o Mandetta e divida por dois. Tenho certeza que você vai chegar naquilo que interessa para todos nós."
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