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Em uma semana, número de mortes por covid-19 mais que dobra no Rio

15.abr.2020 - Profissionais de saúde carregam maca em frente a ambulância no Hospital Municipal Salgado Filho no Rio de Janeiro - Marcos Vidal/Futura Press/Estadão Conteúdo
15.abr.2020 - Profissionais de saúde carregam maca em frente a ambulância no Hospital Municipal Salgado Filho no Rio de Janeiro Imagem: Marcos Vidal/Futura Press/Estadão Conteúdo

Herculano Barreto Filho

Do UOL, no Rio

21/04/2020 14h41

Resumo da notícia

  • Com 18 mortes, Copacabana é o bairro com maior índice de óbitos na capital
  • Dois em três mortes no estado foram na cidade do Rio
  • RJ irá discutir aluguel de contêineres refrigerados para armazenar os corpos
  • Levantamento do UOL aponta aumento de 132% nas mortes em 7 dias no RJ
  • Com 4.899 infectados, alta foi de 52% em uma semana
  • Já foram confirmados 422 óbitos no estado, segundo dados do governo

O número de mortes por covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, mais que dobrou em um intervalo de apenas uma semana no Rio de Janeiro. Um levantamento feito pelo UOL com base em dados divulgados pelo governo estadual apontou um crescimento de 132%.

Já foram confirmados 422 óbitos no estado, segundo dados divulgados ontem (20). No dia 13, o índice era de 182 mortes. Com 52%, o percentual de aumento de pessoas infectadas foi bem menor em comparação ao índice de letalidade no mesmo período. Em uma semana, o número de pessoas confirmadas com covid-19 saltou de 3.221 para 4.899.

Os anúncios feitos a cada dia, no entanto, não significam necessariamente o número de mortes em 24 horas. Desde o início da pandemia, o Ministério da Saúde tem somado ao balanço diário as mortes ocorridas dias atrás. Para especialistas, a tendência é que o cenário se agrave nos próximos dias. Um grupo de contingência criado pelo governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), deve se reunir nos próximos dias para discutir medidas para lidar com a pandemia.

"Nós estamos discutindo testagem, obrigatoriedade do uso de máscaras e como lidar com o aumento da mortalidade. Vamos discutir a possibilidade de alugar contêineres refrigerados e locais para colocar os corpos, porque o aumento da mortalidade estimado é muito grande", antecipou ao UOL a pneumologista Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz, que integra o grupo.

Para a especialista, a situação deve se agravar, com aumento no percentual de mortes e lotação em unidades de saúde. "Infelizmente, a tendência é que ocorra no Brasil a mesma coisa que aconteceu nos outros países. Os hospitais da rede pública e privada estão com quase 100% da ocupação", projetou.

O pneumologista Jorge Pio prevê aumento no índice de mortalidade em decorrência das características da doença. "A tendência é ter aumento do número de mortes. Quando o paciente vai para o CTI, a taxa de letalidade é alta. Em casos graves, nem o respirador resolve o problema, porque o vírus provoca alterações na molécula responsável pelo transporte de oxigênio. Por mais que coloque ar dentro do pulmão, o oxigênio não é transportado para os tecidos", explica.

Dois em cada três casos na capital

Dois em cada três infectados no estado do Rio são da capital fluminense. Com 3.243 pessoas que testaram positivo para covid-19, a cidade do Rio de Janeiro concentra 66,2% dos 4.899 casos registrados no estado. Com 257 óbitos, a cidade tem 61% das 422 mortes no Estado do Rio.

Copacabana, na zona sul do Rio, é o bairro com maior número de mortes na capital, com 18 óbitos confirmados. Na Tijuca, na zona norte, 13 pessoas morreram. Em terceiro lugar no ranking de bairros, aparece Campo Grande, na zona oeste, com 12 mortes.

A situação da pandemia nos municípios da Baixada Fluminense também preocupa. Foram 81 mortes em dez cidades da região. Com 35 óbitos, Duque de Caxias concentra 43% dos registros. Assim como na capital, o índice mais que dobrou no intervalo de sete dias no município (aumento de 119%). No dia 13, o número de confirmações de mortes era de 16 casos.