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Prefeitura de SP tenta contratar 800 leitos de UTI de hospitais privados

Leito de UTI de hospital de São Paulo - Avener Prado/UOL
Leito de UTI de hospital de São Paulo Imagem: Avener Prado/UOL

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

05/05/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Rede municipal tem 82% de ocupação nos leitos de UTI, e, estadual, 88%
  • Cada vaga privada custaria cerca de R$ 2,1 mil por dia ao município
  • Hoje, a prefeitura tem acordos com os hospitais da Cruz Vermelha, Unisa e Beneficência Portuguesa
  • Um estudo apontou que há 107 hospitais privados com 3.970 leitos de UTI

A prefeitura de São Paulo negocia acordos com hospitais particulares para usar até 800 leitos de UTI da rede privada, menos procurados nesta fase da covid-19. Já o sistema público segue pressionado, com 82% de ocupação nos leitos de UTI (Unidades de Terapia Intensiva) da rede municipal ocupados e 88% de leitos de UTI ocupados na estadual.

O secretário municipal de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, explicou que cada vaga privada custaria cerca de R$ 2,1 mil por dia ao município, e a medida é uma prevenção para uma elevação de casos da covid-19.

"Nós não estamos com o sistema público esgotado, mas a gente precisa se preparar caso os casos continuem subindo", justificou.

Hoje, a prefeitura de São Paulo tem acordos com os hospitais da Cruz Vermelha, Unisa (Universidade de Santo Amaro) e Beneficência Portuguesa. O secretário municipal de Saúde declarou que há negociações com mais seis instituições privadas.

Esta é somente uma pequena parcela da rede privada existente na cidade. Um estudo apontou que há 107 hospitais privados com 3.970 leitos de UTI, revelou Aparecido.

"Levando em conta que esses leitos os hospitais já utilizam para suas internações, a gente estima que a quantidade de leitos vagos pode chegar ao número máximo de 20%, ou seja, 800 leitos".

Contratações de leitos vão crescer conforme expansão da covid-19

O secretário municipal de Saúde explicou que a estratégia é fechar a contratações pontuais em áreas de maior incidência da covid-19, que hoje são as periferias das zonas Leste e Norte.

O valor que a prefeitura busca desembolsar pela diária na UTI é de R$ 2,1 mil, preço pago aos hospitais que já fecharam acordo. Aparecido usou o exemplo da Beneficência Portuguesa para explicar como os contratos são feitos.

"Com a Beneficência Portuguesa, a gente fechou 10 leitos de UTI. A gente fecha 10 leitos porque é uma equipe médica, nunca tem número fracionado, sempre múltiplos de 10 e vai aumentando paulatinamente. Por isso que estamos primeiro fechando o acordo nesta base de valor", explicou.

O secretário afirmou que a intenção é criar um modelo de contrato para remuneração e prestação de serviços e ir contratando mais leitos conforme a necessidade.

A médica Candice Vasconcelos, especialista em coordenação técnica de serviços hospitalares de emergência, declarou que o preço pago pela prefeitura está dentro dos valores de mercado, que partem de R$ 2 mil e podem custar até o dobro.

"Se for pegar hospitais intermediários, a diária será entre R$ 2,5 mil a R$ 3 mil reais. Hospital de primeira linha com ventilação mecânica sai entre R$ 3,5 mil a R$ 4 mil."