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RJ: casos crescem 10 vezes em 1 mês na zona oeste, e Crivella quer bloqueio

1.abr.2020 - Aglomeração no Calçadão de Campo Grande, onde comerciantes e transeuntes desrespeitavam normas sanitárias - Caio Blois/UOL
1.abr.2020 - Aglomeração no Calçadão de Campo Grande, onde comerciantes e transeuntes desrespeitavam normas sanitárias Imagem: Caio Blois/UOL

Igor Mello

Do UOL, no Rio

06/05/2020 14h16

Resumo da notícia

  • Entre 5 de abril e 5 de maio, o número de casos na zona oeste do Rio aumentou 10 vezes, segundo dados da SMS
  • Os casos de covid-19 migraram de bairros nobres para Campo Grande, Bangu e Santa Cruz, bairros da periferia do Rio
  • Essas áreas lideram as denúncias de descumprimento ao isolamento, e a prefeitura estuda ampliar bloqueios nos calçadões

Região mais periférica da cidade, a zona oeste do Rio se tornou o principal ponto de expansão da pandemia de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, na capital fluminense. Levantamento feito pelo UOL mostra que o número de casos confirmados na região é dez vezes maior do que há um mês, e os principais bairros lideram o ranking de mortes. Com baixa adesão às medidas de isolamento, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) estuda ampliar as medidas de bloqueio em pontos estratégicos da zona oeste.

Segundo dados da SMS (Secretaria Municipal de Saúde) do Rio, em 5 de abril a região tinha 193 casos confirmados. Em 5 de maio, passou a registrar 2026 confirmações — um crescimento de 950%.

Os dados também revelam uma migração da pandemia de áreas nobres para as mais pobres. Até 5 de abril, 60% dos casos na zona oeste ocorreram na Barra da Tijuca e no Recreio dos Bandeirantes, bairros de classe média-alta. Atualmente, eles representam pouco mais de 22% dos doentes.

Enquanto isso, os registros dispararam em Campo Grande, Bangu e Santa Cruz —os três bairros mais populosos da cidade, localizados na periferia da zona oeste.

Campo Grande hoje tem o maior número de mortes no Rio, com 38 vítimas do coronavírus. O bairro é o mais populoso do Brasil, e viu o número de casos confirmados subir de 5 para 259 no último mês.

Bangu é o terceiro bairro com mais mortes, com 36. Em relação aos casos, viu o total subir de 5 para 175. Já Santa Cruz tem 25 óbitos, e viu o número de doentes passar de 2 para 105 no último mês.

Realengo, também na zona oeste, é outro bairro em que a situação se agravou. O bairro atualmente tem 27 mortes e 140 casos.

Crivella cogita bloqueios em áreas de comércio

O aumento do número de casos nos três bairros vem acompanhado da baixa aderência às medidas de isolamento social decretadas pelo município e pelo governo do estado em março. Em março, o UOL visitou o Calçadão de Campo Grande —segunda maior área comercial do estado do Rio— e encontrou grande número de aglomerações, além de lojas de serviços não essenciais funcionando normalmente.

Crivella afirmou nesta terça-feira (5) que a prefeitura deve criar bloqueios no local, e também nos calçadões de Bangu e Santa Cruz — outros polos comerciais importantes na cidade.

"Pode acontecer hoje, pode acontecer amanhã. Vai ficar uma guarnição da Guarda Municipal dia e noite, de um lado e de outro. Não passa ninguém, não entra ninguém. Infelizmente, se não houver consciência por parte desses comerciantes e de seus clientes, muitos inclusive sem máscaras, vamos ter que adotar essa medida antipática, radical, porém necessária nesse momento", disse Crivella.

Segundo a prefeitura do Rio, Campo Grande, Bangu, Realengo e Santa Cruz são os quatro bairros com mais denúncias de aglomerações. As denúncias foram feitas até o dia 30 de abril pelo Disk Aglomeração, estrutura criada dentro do sistema 1746 (que recebe solicitações e reclamações de serviços municipais por telefone ou aplicativo) para registrar o descumprimento das normas sanitárias de prevenção ao coronavírus.

Ainda de acordo com a prefeitura, a Seop (Secretaria de Ordem Pública) já fechou 5.671 estabelecimentos funcionando irregularmente.